Uma névoa de ar seco tomou conta do céu em Belo Horizonte, em meio à falta de chuva. A dificuldade de enxergar o horizonte representa uma preocupação para a saúde, especialmente ao se considerar a qualidade do ar, que atingiu níveis críticos. Na manhã desta terça-feira (3 de setembro), o Índice de Qualidade do Ar (IQA) chegou a 239, o que indica uma condição “muito insalubre”. Para se ter uma ideia, uma condição de qualidade do ar considerada boa varia de 0 a 40 no índice. Ou seja, quanto maior esse indicador, maiores são os níveis de poluição no ar.
Com isso, cresce a preocupação dos moradores, que podem apresentar sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, no nariz e na garganta, além de falta de ar. Os efeitos podem ser ainda mais graves em grupos sensíveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas. Além disso, os incêndios que têm atingido a região agravam ainda mais o cenário. Minas Gerais registrou, em agosto, o maior número de incêndios dos últimos 13 anos.
Conforme explica a meteorologista Anette Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a névoa seca que paira sobre a cidade é intensificada pelos incêndios. "Desde já tem uns dias que a gente está vendo essa névoa, que piorou ontem. Isso é resultado do transporte de fumaça, com muitos focos de incêndio no entorno da capital e na própria cidade. É uma combinação de fatores, associada ao tempo seco. Além do material particulado, como poeira em suspensão, a poluição na capital é intensificada pelas descargas dos carros e pelo transporte de fumaça das queimadas ao redor. Essa é a causa dessa névoa branca que está na cidade", detalha.
Onda de calor agrava o problema
A situação é agravada por uma onda de calor que afeta Belo Horizonte e outras 537 cidades das regiões Central, Triângulo, Sul de Minas e Zona da mata, nesta semana. Anette explica que essa onda de calor começou na segunda-feira e deve persistir pelo menos até a próxima quinta-feira.
"Estamos sob o efeito de uma onda de calor que tende a persistir até a próxima quinta. Na sexta-feira, haverá uma intensificação do transporte de umidade de origem oceânica para o interior do continente, o que deve aumentar a nebulosidade aqui na capital e também nas regiões do Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce e Zona da Mata", afirma a meteorologista.
Segundo ela, as temperaturas máximas devem chegar a 34 graus até quinta-feira, com uma leve queda na sexta-feira, quando os termômetros devem marcar 30 graus. "No final de semana, as temperaturas começam a subir gradualmente novamente. O tempo seco persiste, e a umidade relativa do ar deve ficar abaixo de 20% ao longo de toda a semana, exceto na sexta-feira, quando deve chegar a cerca de 30%", explica.
Chuva só em meados de setembro
A única solução para aliviar a situação seria a chegada da chuva, mas essa possibilidade está distante. "Não há previsão de chuva pelo menos até meados de setembro. O único mecanismo que pode limpar a atmosfera é a chuva. Se diminuírem ou cessarem os focos de incêndio, essa névoa branca pode diminuir, mas a névoa seca vai persistir", explica Anette Fernandes.
Ela acrescenta que, climatologicamente, as primeiras pancadas de chuva na região costumam ocorrer na segunda quinzena de setembro. "A partir do momento que tenhamos chuva, mesmo que não seja forte, já haverá uma limpeza na atmosfera e uma melhora na qualidade do ar", conclui a meteorologista.
Como reduzir os riscos à saúde causados pela poluição do ar:
- Mantenha-se bem hidratado para manter as vias respiratórias hidratadas.
- Lave o nariz com soro fisiológico para remover partículas do ar que podem irritar as mucosas.
- Utilize um umidificador de ar para manter a qualidade do ar interna mais saudável. A Organização Mundial da Saúde recomenda valores acima de 60%.
- Limite ou evite atividades ao ar livre em períodos de alta poluição
- Fique em ambientes fechados nas horas mais críticas do dia para reduzir a exposição a poluentes do ar externo.