O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou um procedimento preliminar para investigar a suspensão, por duas semanas, das cirurgias ortopédicas eletivas na rede do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte (SUS-BH). O órgão informou ao jornal O TEMPO, nesta sexta-feira (24 de janeiro), que encaminhou um ofício à Central de Internação de BH solicitando esclarecimentos sobre os impactos no atendimento à saúde da cidade e as medidas adotadas para minimizar a superlotação nos prontos-socorros e os atrasos no tratamento dos pacientes. O Ministério da Saúde também entrou em contato com o município para compreensão do problema.

Nesta sexta (24), a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte se reunirá com as direções dos hospitais de urgência e emergência da capital para discutir a situação dos atendimentos. A prefeitura afirma que "mantém diálogo constante com MPMG e, assim que for notificada, estará à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários". 

O bloqueio das cirurgias ortopédicas eletivas – como prótese de joelho ou tratamento de hérnia de disco – é parte do Plano de Contingência do SUS-BH para lidar com a alta de 233% no número de demandas de urgências, em maioria, de vítimas de acidentes de trânsito. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a média de internações ortopédicas de urgência diárias deveria ser de 30. No entanto, nos primeiros 20 dias de janeiro, esse número chegou a 100. 

Por isso, foram bloqueadas as cirurgias eletivas que, segundo indicação médica, podem ser agendadas, para ampliar a assistência de casos urgentes. A previsão é de que a suspensão dure até 5 de fevereiro em sete hospitais: Baleia, Clínicas, Evangélico, Metropolitano Doutor Célio de Castro, São Francisco de Assis (Unidade Santa Lúcia), Santa Casa de Belo Horizonte e Faculdade de Ciências Médicas.

Sobrecarga no Risoleta Neves

A alta demanda tem sobrecarregado as unidades de saúde. O Hospital Risoleta Tolentino Neves, um dos principais pronto-socorros da cidade, anunciou na quarta-feira (22) que não possuía condições estruturais para receber novos pacientes devido à superlotação. De forma emergencial, a unidade interrompeu o atendimento a novos pacientes, mesmo sendo porta-aberta 24 horas. 

Apesar da reabertura do pronto-socorro na quinta-feira (23), o atendimento no Hospital Risoleta Neves continua acima do limite assistencial. De acordo com a direção do hospital, a Central de Internação realizou várias transferências de pacientes para outras unidades de saúde da capital. Ainda assim, nesta sexta-feira (24), a unidade registra 125 pacientes admitidos, enquanto a capacidade ideal é de 90.