O Ministério do Trabalho e Emprego em Minas Gerais convocou uma reunião sobre o fechamento por tempo indeterminado do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), na região Centro-Sul de Belo Horizonte, para a próxima segunda-feira (13 de janeiro). A instituição informou à reportagem de O TEMPO que está acompanhando a transferência da equipe de saúde e dos pacientes do bloco operatório para o Hospital João XXIII, o que, por consequência, tem sobrecarregado o pronto-socorro com mais 200 cirurgias ao mês.
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Conforme informado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/MG), foram convocados para a reunião o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti; a presidente e outros representantes da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig); além de trabalhadores do Hospital Maria Amélia Lins. A expectativa é que seja definido um prazo para normalização dos atendimentos no bloco cirúrgico do hospital de apoio.
Peças estragadas teriam motivado fechamento do bloco cirúrgico
A Fhemig informou que o intensificador de imagens "e outros equipamentos essenciais para a realização de cirurgias" foram danificados no bloco operatório do Amélia Lins. Por esse motivo, segundo a instituição, foi necessário fechar a ala para revisão. Os servidores denunciam que o bloco foi completamente esvaziado: móveis e equipamentos foram recolhidos, e as portas permanecem trancadas.
"Esse intensificador de imagens ter estragado não inviabiliza todas as cirurgias. Algumas ainda são possíveis de serem realizadas no Amélia Lins, não explica ter que fechar o bloco inteiro", critica a técnica de enfermagem do HMAL, Angélica Silva Manso Sampaio, de 40 anos. Ela foi uma das profissionais que participou de manifestação na porta do hospital nessa quarta-feira (8 de janeiro).
A técnica de enfermagem denuncia que a mudança de rotina tem prejudicado pacientes e trabalhadores. "Nós fomos remanejados de um dia para o outro, e aconteceu a sobrecarga. Cirurgias estão sendo canceladas. Muitas enfermeiras estão tendo crise de ansiedade. No João XXIII, é porta-aberta, urgência e emergência, nunca se sabe quando vai acontecer um desastre, e, por isso, com o pronto-socorro sobrecarregado, ele pode colapsar", alerta.
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Apesar das denúncias de demora no atendimento, a Fhemig crava que os procedimentos levados ao João XXIII “são de baixa complexidade e curto tempo de internação, entre 24 e 48 horas” e que “não houve nenhum prejuízo para os pacientes”. “Após a cirurgia, o paciente retorna para o HMAL para recuperação até o momento da alta. O Hospital João XXIII possui 8 salas em seu bloco cirúrgico, com capacidade plena para atender às demandas do próprio hospital e as encaminhadas pelo Hospital Maria Amélia Lins, sem qualquer prejuízo assistencial”, afirmou.
Em assembleia, trabalhadores formam comissão para pressionar Fhemig
Os trabalhadores da saúde do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) se reuniram na tarde dessa quarta-feira (8 de janeiro) em uma assembleia para discutir o fechamento do bloco cirúrgico. Durante o encontro, foi formada uma comissão de funcionários encarregada de redigir um ofício direcionado à diretoria da Fhemig, solicitando a normalização dos atendimentos.
Os trabalhadores esperam que, até a próxima quarta-feira (15 de janeiro), a manutenção do bloco operatório seja concluída. Uma nova reunião está agendada para essa mesma data.
O que diz a Fhemig na íntegra?
"A Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) reitera que o Hospital João XXIII, com oito salas em seu bloco cirúrgico, tem plena capacidade para atender casos de urgência, assim como os pacientes com cirurgias eletivas vindos do HMAL, e reforça que os usuários serão atendidos normalmente, sem prejuízo algum.
Informamos ainda que, durante um procedimento no HMAL, foram danificados o intensificador de imagens e outros equipamentos essenciais para a realização de cirurgias. Por isso, o bloco foi fechado para revisão.
Ressaltamos que o Hospital Maria Amélia Lins realiza somente cirurgias de baixa complexidade, classificadas como eletivas; ou seja, são programadas de acordo com a avaliação clínica do paciente e a capacidade operacional das unidades hospitalares.
Somente nos últimos dois anos, foram investidos R$ 31 milhões no Complexo Hospitalar de Urgência, do qual os dois hospitais fazem parte, com amplo investimento em equipamentos de ponta para o João XXIII, referência em politraumas, queimaduras e intoxicações."