A estudante de moda Mariana Leão, de 26 anos, denuncia ter sido vítima de injúria racial em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Ela usou as próprias redes sociais para postar o vídeo após ouvir o seguinte questionamento de um homem na rua: “Você acha que está bonita com esse cabelo de bombril?”. Nesta quinta-feira (20 de fevereiro), ela registrou um boletim de ocorrência junto à Polícia Militar (PM).

Após ouvir o comentário, a jovem voltou para confrontar o homem e iniciou a gravação. Em determinado momento do diálogo, ele chega a questionar: “Por que as pessoas que têm cabelo seco não podem alisar, já que sofrem preconceito?”. Revoltada, Mariana explica que cabe às próprias pessoas escolherem como querem finalizar o cabelo.

A estudante de moda Mariana Leão, de 26 anos, denuncia ter sido vítima de injúria racial em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Ela usou as próprias redes sociais para postar o vídeo após ouvir o seguinte questionamento de um homem na rua: “Você acha que… pic.twitter.com/8ifTmVhz70

— O Tempo (@otempo) February 21, 2025

Mariana diz que, além do primeiro comentário, o homem ainda perguntou “como [ela] tinha coragem de usar ‘isso’ [em referência ao cabelo]”. A jovem alega que ficou sem reação após a fala. “Fui pega completamente de surpresa por ele invadir meu espaço e entrar na minha frente enquanto eu estava andando. Após alguns segundos, consegui ir atrás e filmá-lo. Como um típico racista, ele tentou se fazer de desentendido”, relatou.

Na noite desta quinta-feira (20), Mariana procurou a Polícia Militar para registrar um boletim de ocorrência, reportando o crime. “Eu nem sei explicar o sentimento que é passar por isso. É um ato de coragem ser quem você é”, relatou em vídeo, citando ainda que o episódio remonta a questões de infância sobre a imposição de alisar o cabelo.

A reportagem solicitou um posicionamento à Polícia Civil sobre o caso e aguarda retorno.

Diferença entre racismo e injúria racial 

A diferença entre racismo e injúria racial está na abrangência da ofensa. O racismo é considerado um crime contra a coletividade, pois atinge um grupo de pessoas ou uma comunidade com base em raça, cor, etnia ou procedência nacional.

Já a injúria racial é direcionada a um indivíduo específico, com ofensas que envolvem elementos raciais para atacar sua dignidade. Até janeiro de 2023, a pena para injúria racial era menor que a do racismo, mas uma mudança na legislação equiparou as punições.

Com a nova lei, a injúria racial passou a ter pena de reclusão de 2 a 5 anos, igualando-se ao racismo em gravidade.