O delegado Marceleandro Clementino, um dos responsáveis pela investigação da morte de Yara Karolaine, de 10 anos, informou que uma amiga da garota enviou uma mensagem para ela ao vê-la entrando no carro do homem suspeito de matá-la, enrolar seu corpo em um lençol e abandoná-lo próximo à cachoeira Pele de Gato, em São Pedro do Suaçuí, no último sábado (8 de março).

“A garota desapareceu em Água Boa por volta das 21h45 do dia 4 de março. A delegacia da cidade foi avisada de que ela foi vista entrando em um carro branco enquanto ia para a casa de uma amiga. No dia 8 de março, tivemos a materialidade do homicídio com a localização do corpo em uma região que fica a 80 km – 1 hora e 20 minutos de distância – do local onde ela desapareceu”, afirmou em entrevista a O TEMPO nesta segunda-feira (10 de março).

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Ao encontrarem o corpo, que estava em estado avançado de decomposição, os investigadores identificaram que se tratava de Yara Karolaine pelas roupas. Momentos antes de desaparecer, ela havia feito uma postagem nas redes sociais. “A roupa que ela usava era a mesma. Na foto estavam ela, a irmã e a amiga.”

A amiga citada pelo delegado é, justamente, aquela que iria receber Yara Karolaine em casa. No entanto, a vítima foi abordada pelo homem no caminho e entrou no carro dele. 

“Essa amiga nos relatou que viu a vítima se deslocando pela rua principal da cidade e o momento em que o carro branco passou e parou. Ela viu Yara Karolaine entrando no veículo e, nesse momento, enviou a seguinte mensagem para ela: ‘Aonde você está indo?’. A menina então respondeu: ‘Espera. Vou demorar um pouco’”, contou o delegado. Após esse momento, a amiga não conseguiu mais contato com Yara Karolaine.

Busca pelo suspeito

Diante do desaparecimento e, posteriormente, da morte de Yara Karolaine, a polícia intensificou as buscas pelo suspeito. A investigação chegou até ele, que já está preso, após descobrir que dois veículos da Prefeitura de Água Boa estavam relacionados ao crime.

“Com essas informações e com o uso de técnicas investigativas, chegamos até o suspeito. No depoimento, que durou cerca de cinco horas, ele caiu em diversas contradições, o que aumentou ainda mais as suspeitas. As histórias que ele contava eram muito mal elaboradas. Naquele momento, entendemos que estávamos no caminho certo.” O depoimento ocorreu no último domingo (9 de março).

Para se desvincular do crime, o suspeito afirmou que estava trabalhando quando tudo aconteceu. “Disse que estava de plantão desde a sexta-feira (28 de fevereiro) e que havia feito viagens para atender demandas da área da saúde. Alegou que transportou pacientes de uma unidade de saúde para outra, porém inventou nomes falsos. Por fim, percebeu que não tinha escapatória e confessou o crime. Depois de matar a menina, enrolou seu corpo em um lençol, colocou no porta-malas e o desovou. Estamos investigando se houve crime sexual.”

No depoimento, o funcionário público afirmou que tentou convencer a menina a ter relação sexual com ele. “Ela não aceitou. Pensei: ‘Nossa, e agora? Ela vai contar para a família que eu queria ficar com ela’. O ‘capetão’ subiu, e eu peguei e apertei a goela dela”, disse o suspeito.

O delegado Marceleandro Peçanha descreveu o comportamento do suspeito no depoimento: “Muito frio.”

Comoção

A população de Água Boa está assustada com o crime. “A cidade é muito pequena. Para se ter uma ideia, o deslocamento entre as casas do suspeito e da vítima é muito curto. A população está muito assustada. É um caso envolvendo uma criança. Felizmente, a Polícia Civil de Minas Gerais conseguiu dar uma resposta rápida para a sociedade.”

Próximos passos

A confissão do suspeito de que tentou convencer a vítima a manter relação sexual com ele levou a polícia a realizar exames na garota. “Todas as perícias para crimes sexuais foram feitas. Colhemos material de DNA debaixo das unhas da menina para compararmos com o do suspeito. Queremos também descobrir se houve a participação de mais alguma pessoa no crime”, afirmou o delegado. O celular do suspeito foi apreendido e será periciado.

Por fim, o delegado declarou que, assim como a população, também está comovido com o caso. “Temos o tino policial para entregar respostas à sociedade, mas, quando enfrentamos essas ocorrências, não tem como não se comover. É por isso que o trabalho tem que ser o mais célere possível”, concluiu.