Era horário de almoço, em Bangkok, capital da Tailândia, quando, em meio a uma oração agradecendo pelo alimento, a consultora de imagens Carolina Abreu, de 34 anos, e o marido, o jogador de futebol Fernando Viana, de 33, sentiram o prédio onde moram tremer. Inicialmente, eles pensaram se tratar de uma tontura, mas ao abrir os olhos viram os móveis e as portas do apartamento balançando. Não houve tempo de pegar documentos, o casal de brasileiros apenas correu em direção à saída do prédio para salvar suas vidas. A trepidação, na verdade, era reflexo do terremoto de magnitude 7,7, que atingiu Mianmar nesta sexta-feira (28) e provocou abalos na Tailândia e na China, além de pânico entre moradores e turistas.
"É uma fração de segundos, tudo muito rápido. Eu moro no segundo andar, e quando descemos eu lembro que eu olhei para a porta de vidro e vi o hospital ortopédico aqui do lado sendo evacuado. Funcionários descendo com as macas, com as cadeiras de rodas, com os pacientes e aí a gente se deu conta do que estava realmente acontecendo", descreve Carolina, à reportagem de O TEMPO.
Os brasileiros lembram que os primeiros momentos foram de pânico e falta de informações. A barreira do idioma tornou a situação ainda mais desesperadora, já que o casal não fala tailandês e se comunicam apenas através do inglês. A consultora de imagens conta que recebeu as primeiras orientações através do Police Tero, clube de futebol onde o marido atua como atacante há dois anos. "Eles falaram para a gente permanecer do lado de fora, longe de prédios e, se possível, para a gente só pegar documento. Então a gente voltou, pegamos os documentos e ficamos por horas do lado de fora, até o governo liberar todos a voltarem para casa", afirma.
Apenas ao fim da tarde de sexta-feira, pelo horário da Tailândia, as autoridades tailandesas autorizaram a população a retornar para suas casas. Ao ver as notícias, o casal teve dimensão da tragédia. Carolina conta que o arranha-céu em construção que desabou em Bangkok fica localizado na região onde ela reside. “A gente fica pensando nas vítimas, nas pessoas, o povo tailandês é um povo muito acolhedor, muito humilde. Então a gente sente muito pelo povo, meu esposo trabalha aqui já tem duas temporadas, foi muito bem recebido, muito acolhido, eles gostam muito de brasileiro”, lamenta.
Casal espera retornar ao Brasil em maio
Sobre o cenário pós terremoto, o casal relata que a região mais atingida foi o centro de Bangkok. No bairro onde moram, não houve desabastecimento de água, energia ou alimentação. Ilesos, porém assustados com tudo que passaram, Carolina e Fernando não veem a hora de retornar para Belo Horizonte - cidade onde os dois se conheceram quando ele atuava na base do Atlético - e abraçar os familiares.
“A temporada de futebol acaba agora no fim de abril. Nós devemos voltar para o Brasil no início de maio. Mas a ansiedade ficou maior ainda. Tenho certeza que nossos familiares também estão esperando ainda mais depois desse susto. Eles ficaram muito preocupados, muito assustados, mas deu tudo certo e estamos bem”, agradece.
Terremoto
Um terremoto de magnitude 7,7 atingiu o Sudeste Asiático nesta sexta-feira (28), matando milhares de pessoas em Mianmar e oito na Tailândia. O número de mortos ainda deve aumentar, levando em conta que as buscas estão em curso. O tremor deixou um cenário de devastação na região - um prédio em construção desabou na capital tailandesa, Bancoc, e uma ponte de mais de 90 anos desabou na região birmanesa de Mandalay, no centro da nação.