Nesta Sexta-feira Santa (18/04), os católicos celebram em todo o mundo a crucificação e morte de Jesus Cristo. Em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a data é marcada por uma das mais antigas manifestações de fé da cidade: a Procissão da Penitência. Ainda na madrugada, às 4h, centenas de fiéis se reuniram no centro histórico para iniciar a caminhada de três quilômetros até a Capela do Bom Jesus, no alto do Morro da Cruz.
Antes mesmo do dia clarear, a população foi acordada pelo som das matracas, instrumento típico desse período litúrgico. Ao contrário dos sinos, silenciados durante a Semana Santa, as matracas produzem um som fúnebre e ritmado, que ecoa pelas ruas de pedra da cidade histórica.
Entre os que mantêm viva essa tradição está Chiquinho Santos, de 40 anos, matraqueiro e sineiro. Ele vê na prática uma missão herdada. “Graças a Deus, herdei do meu pai uma profissão que não pode acabar. É uma tradição. Então, na Sexta-feira Santa, a permissão da igreja e da doutrina católica é somente soar da matraca. Soar fúnebre, triste, e ao mesmo tempo um despertador, que acorda os fiéis de verdade”, explicou. Chiquinho segue os passos do avô, Modestinho Zé dos Santos, e do pai, passando agora o legado ao filho, Tiago, de 17 anos. “Ano que vem ele tá aqui”, orgulha-se.
A fé que move os pés na madrugada também aquece corações. Nair de Fátima Ferreira Gonçalves, doméstica de 57 anos, participou da caminhada como forma de agradecimento. “Vim agradecer por tudo e por tudo que Deus já nos abençoou. De eu ter sido curada, porque eu estava com o colesterol muito alto, gordura no sangue e no coração. Devido à minha fé, me sinto curada agora”, contou emocionada.