A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirmou que os ônibus articulados deverão ser mantidos apenas em algumas linhas específicas do sistema Move. A informação foi repassada pelo superintendente de mobilidade da capital mineira, Rafael Murta Resende, durante audiência na Câmara Municipal, realizada nesta terça-feira (22 de abril). O superintendente respondeu a um questionamento feito pela vereadora Fernanda Altoé (Novo), que demonstrou preocupação com a possibilidade de redução do número de passageiros transportados com a possível troca do modelo "sanfonado" pelos convencionais.
"Estamos trabalhando numa estratégia de realocação dessa frota para que sejam entendidas as características de cada uma das linhas. Para que a gente possa verificar ainda a capacidade de cada um dos veículos e de alocação de cada um dos veículos em determinadas linhas", disse Resende. O superintendente, no entanto, não detalhou em quais linhas estes coletivos deverão ser mantidos.
Como informado por O TEMPO, as empresas que operam o serviço de transporte público por ônibus da capital mineira negociam com a prefeitura a extinção dos veículos articulados até dezembro de 2026, data do fim da vida útil destes coletivos. A justificativa, conforme o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), é o alto custo operacional, impulsionado pela necessidade recorrente de manutenção. No entanto, a troca dos articulados pelos convencionais poderá reduzir em mais de 40% o número de passageiros transportados em uma só viagem — passando de 118 para 70.
"O objetivo não é fazer a substituição integral dos articulados por veículos mistos, mas fazer substituição parcial para que a gente consiga deixar de omitir ou atrasar viagens e fazer também um estudo que compare essa capacidade dos veículos com as viagens efetivamente realizadas para não ter superlotação", afirmou o superintendente.
O sistema Move de Belo Horizonte conta com 189 ônibus articulados — sendo que 164 deles, ou seja, 86% estão em operação. Os demais são considerados reservas e podem ser acionados caso algum destes coletivos apresente falhas mecânicas. De acordo com o SetraBH, 44 coletivos articulados deixam de circular por dia devido a alguma intercorrência — tais como quebra do motor, falhas no sistema de ar-condicionado, entre outros. O gasto com manutenção destes coletivos, conforme o sindicato, é de aproximadamente R$20 milhões por mês.
"A gente pretende ter veículos com uma utilização melhor e que tenha índice menor de quebras e atendimento maior à população”, acrescentou Resende. Além do superintendente e da vereadora Fernanda Altoé (Novo), a reunião contou com as presenças do secretário municipal de Mobilidade Urbana, Guilherme Willer, e dos vereadores Pedro Rousseff (PT), Rudson Paixão (Solidariedade) e Helton Junior (PSD).
Mais veículos nas ruas
Como informado por O TEMPO, a troca dos ônibus articulados pelos modelos menores demandaria uma frota adicional de 321 veículos convencionais, conforme o SetraBH. Eles seriam necessários para atender a demanda, considerando a redução de passageiros transportados por viagem. Essa frota adicional se somaria aos 2.703 ônibus que operam no sistema de transporte público de Belo Horizonte, sendo 332 somente no Sistema Move.
Ônibus articulados em BH
Os ônibus articulados começaram a circular em Belo Horizonte em 2014, quando o sistema Move foi implementado. De acordo com o SetraBH, os modelos foram escolhidos para atender a demanda de passageiros das regiões Nordeste, Norte, Pampulha e Venda Nova.
O acordo feito à época definiu que os coletivos teriam vida útil de dez anos. Porém, o Decreto 18.370, publicado em 07 de julho de 2023, ampliou esse prazo para 12 anos — ou seja, até dezembro de 2026. Com isso, caso o período de vida útil não seja novamente prorrogado, as empresas deverão comprar novos ônibus, substituindo aqueles com doze anos de circulação.
A reportagem apurou que os modelos articulados possuem o valor médio de R$2,5 milhões, enquanto os convencionais, pretendidos pelas empresas, custam cerca de R$900 mil.