Um sorriso que, em poucos segundos, preencheu um dos maiores anseios do ser humano: ser verdadeiramente visto. Foi isso o que um grupo de padres mineiros contemplou um pouco após receber um solidéu do papa Francisco, no Vaticano, em 2017.

Conforme o padre Alex Favarato, reitor do santuário São Paulo da Cruz, no Barreiro, em Belo Horizonte, ser ‘olhado’ naquele momento foi uma emoção sem tamanho. E parte desse sentimento sobrevive até os dias de hoje no templo religioso, onde o acessório está exposto junto à réplica de um crucifixo doado pelo papa na mesma época, para outro grupo de padres mineiros.

“Fomos para uma audiência em que o Santo Padre nos recebeu, em uma quarta-feira. Levamos um solidéu, na esperança de conseguirmos realizar a troca. O papa nos cumprimentou, sinalizou para o segurança e nos passou o solidéu, dando um sorriso. Receber esse gesto, ser olhado, é uma emoção muito grande. Ele transmitia essa paternidade, que era algo muito presente em tudo o que fazia. Foi uma forma de sermos confirmados na fé”, relembra o papa Alex Favarato. 

O solidéu veio diretamente para Belo Horizonte. Para o religioso, a relíquia, junto ao crucifixo entregue para o outro grupo de padres, é uma forma de os fiéis terem uma oportunidade semelhante às que eles tiveram: a de ter uma ‘partezinha’ do papa bem perto.

“As pessoas se sentem abraçadas, representadas pelo gesto do papa. Quantas pessoas não tiveram a oportunidade de ir à Roma, de estar na presença dele, mas podem tê-lo mais próximo dessa forma?”, destaca Favarato.

Conforme o padre, os fiéis se emocionam com os acessórios, que, por muitas vezes, chegam a passar despercebidos no santuário por quem não sabe de onde os itens vieram. Mas quando a história é contada, o sentimento não poderia ser outro: gratidão. Não somente pelas doações, mas por quem o líder religioso foi, segundo Favarato.

“Tivemos um papa muito bom e misericordioso. Os sentimentos que ficam são os de gratidão e saudades. Nós perdemos um pai e nos sentimos órfãos. É mesmo como perder um familiar. Mas temos as relíquias, que são um pedacinho da história do papa”, diz o padre.

O líder religioso ressalta que o papa Francisco sempre deu uma atenção especial aos excluídos socialmente, abraçando não somente a igreja, mas toda a humanidade. “Ele mostrou qual era o caminho a seguir dando testemunho do evangelho. Além disso, sempre dizia que os padres tinham que ter o ‘cheiro das ovelhas’ e sempre me preocupei em seguir essa orientação, estar no meio do povo. Foi uma das maiores lições que ele deixou”, finaliza.