Nesta quinta-feira (3 de abril), um vídeo registrou o momento em que um pescador capturou um peixe dourado no rio Arrudas, na altura do bairro General Carneiro, em Sabará, na Grande Belo Horizonte. O fato de uma espécie típica de outras regiões do Brasil - como o Pantanal -, aparecer em pleno Arrudas pode despertar dúvidas sobre a veracidade do vídeo. Para isso, a bióloga e mestre em sustentabilidade Fernanda Raggi Grossi conversou com a reportagem de O TEMPO e deu mais detalhes e explicações sobre a espécie.

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De acordo com Grossi, o peixe dourado é encontrado em várias regiões de Minas Gerais, incluindo a bacia do rio São Francisco, o alto do rio das Velhas - do qual o Arrudas é afluente - e a região metropolitana de Belo Horizonte. Ela ressalta que a espécie é de grande porte, segunda maior da Bacia do rio das Velhas, podendo atingir mais de 1 metro de comprimento e pesar mais de 25 quilos, ficando atrás apenas do surubim.

"Na década de 90, em estudos realizados até 1999, a ocorrência da espécie era limitada à porção do Médio-baixo rio das Velhas, com registros em até 100 km de distância da porção presente no município de Rio Acima (MG). Ano passado (2024) dois indivíduos foram capturados na porção do velhas no município. 
Mas por aqui, na RMBH, nesta mesma década de 90, também havia registro do dourado", explica Fernanda.

A bióloga ressalta que o Salminus franciscanus (nome científico do dourado) é um peixe símbolo do rio das Velhas e um bioindicador importante de qualidade do ambiente por ser espécie migradora, que pode nadar centenas de quilômetros rio acima para se reproduzir durante a piracema, que neste ano compreendeu o período de 1º de novembro de 2024 a 28 de fevereiro de 2025, e na na época chuvosa, preferindo locais de águas limpas e boa qualidade ambiental.

"A notícia traz alegria para nós, biólogos, pois indica que alguns pontos do rio das Velhas na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) estão se recuperando e a espécie está sendo atraída pra cá na época de reprodução. 

Com o avanço do tratamento de efluentes domésticos na RMBH, tem se tornado cada vez mais comum encontrar o dourado em trechos mais acima, não apenas na calha principal do rio, porque os efluentes domésticos da região formavam uma barreira de poluição que não deixava muitas espécies chegarem aqui. 

Portanto, é possível prever que houve melhora no atual estado da bacia, mas ainda abaixo do esperado, já que o trecho do velhas está na classe 2, ou seja, precisa de tratamento primário para ser utilizada para qualquer fim. 

Para alcançar a classe de qualidade da água para balneabilidade é necessário aumentar o monitoramento e controle destes índices ao longo das séries históricas", enfatizou Fernanda Raggi Grossi.