O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou na tarde deste sábado (5 de abril) uma área próxima a uma fazenda às margens da BR-116, em Frei Inocêncio, na região do Rio Doce, em Minas Gerais. O ato faz parte do movimento Abril Vermelho, que tem o objetivo de pressionar o governo Lula (PT) a acelerar a reforma agrária. O Governo de Minas informou que a segurança da área ocupada é de responsabilidade do Governo Federal, mas destacou que a Polícia Militar acompanha a movimentação do grupo dentro das suas limitações. (Veja a nota abaixo)

As manifestações acontecem em meio ao descontentamento do movimento com o terceiro mandato de Lula e com o andamento da reforma agrária, considerada tímida pelo grupo. Segundo o MST, quando o petista assumiu a Presidência, em janeiro de 2023, cerca de 65 mil famílias do movimento cadastradas pelo Incra aguardavam em acampamentos para serem assentadas. 

"O andamento está muito aquém da demanda acumulada nos últimos dez anos, desde o impeachment da [ex-presidente] Dilma Rousseff, passando pelo governo Temer e pelo período de Bolsonaro", diz José Damasceno, da direção nacional do MST.

Abril Vermelho

Também neste sábado (5), cerca de 800 famílias do movimento invadiram a Usina de Santa Teresa na cidade de Goiânia, no interior de Pernambuco. O movimento também fez parte do Abril Vermelho. O ato, além de invasões, prevê bloqueios de rodovias, protestos, mutirões de cadastramento de famílias e outras ações durante o mês.

A escolha por abril faz referência ao massacre de Eldorado do Carajás, em Pará, ocorrido em 17 de abril de 1996. Na ocasião, 19 militantes do MST morreram e 69 ficaram feridos. Dois policiais, de 155 militares envolvidos no conflito, foram condenados.

Para 2025, o lema escolhido foi "ocupar para o Brasil alimentar". Há previsão de ações nos 26 estados e no Distrito Federal, com foco em terras propícias à produção de alimentos.

Veja a nota do Governo de Minas

"O Governo de Minas, por meio da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), informa que a segurança da área ocupada pelo MST neste sábado(5), às margens da BR-116, está a cargo exclusivo do governo federal, por se tratar de “faixa de domínio” do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, uma autarquia federal do Brasil. 

Dessa forma, a responsabilidade por qualquer tipo de negociação ou ação de desocupação no local é da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do governo federal.

A PMMG acompanha a movimentação do grupo no local dentro das suas limitações. A PRF já foi acionada, e sugere-se procurá-la para qualquer esclarecimento adicional".

* Com informações de Artur Búrigo e Italo Nogueira / Folhapress