O ataque do Novo Cangaço em Guaxupé, no Sul de Minas, expõe a dificuldade do poder público de frear esse tipo de crime no Estado. Para o especialista em segurança pública Arnaldo Conde, contra o crime organizado, não bastam armas. É preciso ter inteligência e união de forças entre Estados, Federação e vigilância privada.
O especialista alerta: não se combate esse tipo de estrutura com armas, mas sim com inteligência.“Hoje, nenhum Estado tem recursos suficientes para enfrentar esse tipo de crime sozinho. É necessário unificar os países, com todo o aparato de tecnologia e inteligência. Não é com fuzil ou arma alguma que se combate o crime organizado”, defende.
Como alternativa para fortalecer a segurança pública, Arnaldo sugere que os profissionais da vigilância privada sejam incluídos nas estratégias de inteligência: “Temos mais de 600 mil homens e mulheres trabalhando em vigilância privada no Brasil. São colaboradores potenciais da segurança pública, fontes de informação que não estamos utilizando. É uma grande força de trabalho ignorada. Eles não vão combater o crime organizado diretamente, mas podem ser parceiros, fornecendo informações”, afirma.
Ele também reforça a importância da cooperação entre os governos federal e estadual: “Temos um sistema de inteligência, mas é necessário que o governo federal e estadual troquem informações e trabalhem juntos para que isso avance”, ressalta.
O especialista destaca ainda o papel do dinheiro nas operações criminosas e como o rastreamento de recursos pode ser uma estratégia eficiente: “O bem maior que o crime organizado trata é o dinheiro. Os bancos conseguem rastrear isso, como fazem os americanos e europeus. Se você prende o dinheiro, consegue encontrar quem está por trás”.
Sobre a criminalidade comum, para o especialista a PM e o BOPE estão preparados: “Quando tratamos da criminalidade comum, a PM está bem armada, é apta e capaz de garantir a segurança. O BOPE também. Eles trocam informações com o resto do mundo e estão totalmente preparados”, afirma.
Para Arnaldo, a segurança pública não é responsabilidade exclusiva da polícia. Ele aponta um problema cultural na forma como a população vê a atuação das forças de segurança: “A estrutura está errada do ponto de vista cultural. O cidadão comum pensa que a polícia é sempre violenta, que não é acessível. Mas o problema da criminalidade é geral. Todos temos participação na segurança pública, principalmente fazendo a nossa parte”, conclui.