Cerca de 300 agentes da força de segurança pública de Minas Gerais fecharam o trânsito na avenida Afonso Pena, na altura da praça Sete, no hipercentro da capital, nesta terça-feira (8 de abril), para protestar contra o governo estadual. As categorias reivindicam uma recomposição salarial que, segundo os líderes do movimento, está atrasada há mais de uma década. Por volta de 12h, a via foi liberada, e os manifestantes seguiram em direção à Assembleia Legislativa (ALMG).
“Estamos com uma perda inflacionária de 74,89%, de um acumulado de dez anos. Nesse tempo, houve uma negociação considerando até 2022, e desse total, apenas 13% foi pago. Ou seja, ele propôs três recomposições, só que ele pagou só uma de deu calote em duas”, detalhou o presidente do sindicato dos escrivães da polícia civil do estado de Minas Gerais, Marcelo Horta.
Com gritos de “eiro, eiro, eiro, Zema caloteiro”, puxados por um trio elétrico, carregando faixas e com barulho de bombas, oito associações relativas aos policiais militares e bombeiros e oito sindicatos de policiais civis, penais e socioeducativos pedem diálogo com a administração estadual. Os agentes acusam o governador do Estado, Romeu Zema (Novo), pelo aumento da violência em Minas.
Agentes das forças de segurança do Estado de Minas Gerais fecham a avenida Afonso Pena em protesto por melhores salários e mais estrutura de trabalho. Cerca de 16 entidades se reúnem nesta terça-feira (8) em protesto na praça Sete, no centro de Belo Horizonte. pic.twitter.com/lAt8w91hKO
A categoria garante que vai tentar o diálogo novamente e “ampliar o movimento” à medida que for necessário para alcançar o objetivo, sem confirmar, nem descartar, uma paralisação. “Na última semana, tivemos um caso de sequestro. Há quantos anos não se falava em sequestro em Minas Gerais? A população vai percebendo que a medida que governo não cumpre seu compromisso com a segurança pública, a violência vai tomando conta. As facções do Rio de Janeiro e de São Paulo estão invadindo Minas Gerais e a gente vai sofrer cada vez mais com altos índices de violência”, comentou o presidente.
A reportagem procurou a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) sobre a situação, mas ainda não obteve retorno.
“A gente sempre tenta conversar com o governo, mas o governador Romeu Zema não tem diálogo com as forças de segurança, ele usa o serviço das forças de segurança para fazer marketing pessoal, para fazer marketing de governo, no entanto, não reconhece a importância que a segurança pública realmente necessita. Falta investimento. Não é só a recomposição, falta muita coisa pra segurança pública em Minas”, afirma.
O movimento acontece desde às 9h. Cerca de 300 servidores se reúnem no hipercentro da capital. Eles devem sair em direção à Assembleia Legislativa.
Impactos para os municípios
O sargento Monteiro, que é vereador em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e presidente da Comissão de Segurança Pública da cidade, afirma que a falta de estrutura e investimentos na categoria tem impactado na administração das cidades.
"Os municípios estão assumindo uma responsabilidade que é do governo estadual. A constituição é clara quando diz que a segurança pública é de dever do estado, mas diante dessa situação, o governador tem feito os municípios adiantarem a Guarda Municipal. Antes, a Guarda Municipal era uma guarda desarmada, mas a necessidade, por conta desse governador que mente, que buscar like. Alguns municípios que estão passando até por situação difícil, estão tendo que criar uma Guarda Municipal para proteger a sua população”, afirma.