Com a imagem do filho estampada na camisa e a dor marcada no olhar, Rosemeire Gonçalves, de 59 anos, tenta reunir forças para lidar com a brutal perda de Paulo Henrique, de 25, assassinado a tiros em Funilândia, na região Central de Minas Gerais. O crime, que pode ter sido motivado por ciúmes, abalou a cidade e destruiu os sonhos de uma família conhecida pela dedicação ao trabalho e ao próximo.

“Nenhuma mãe deveria passar por isso. Por pior que o filho fosse - o meu não era - ele não merecia isso. Foi muita crueldade com meu filho”, desabafou Rosemeire. Ela e o marido, com o filho mais novo de 16 anos, chegaram a deixar a cidade por medo de também serem alvos do autor do crime, que ficou foragido por 21 dias.

 

Leia mais:
Homem suspeita de traição e mata namorada grávida no meio da rua em Funilândia

Ciúme pode ter motivado assassinato de empresário em posto de combustíveis, em Funilândia

Siga o Super Notícia no Instagram

O suspeito, André Felipe, de 34 anos, se entregou à Polícia Civil nessa segunda-feira (16). A investigação aponta que o crime foi premeditado e motivado por ciúmes infundados. “Foi por inveja. Eles nem eram amigos, se conheciam de vista. A mãe da ex-esposa dele era nossa funcionária e sabia que ele estava doente. Ela não nos avisou para tomarmos cuidado”, relatou a mãe.

Segundo o delegado Reinaldo Felício, da Delegacia Regional de Sete Lagoas, o crime foi cometido com frieza. “Ele seguiu a vítima até um posto de combustíveis, descarregou a arma, foi atrás da vítima que deu ré, recarregou e atirou mais. Tudo indica que ele acreditava em um suposto envolvimento entre a ex-companheira e a vítima. Mas a família nega qualquer tipo de relação, e não há indícios que confirmem essa versão”, afirmou.

Paulo Henrique era um jovem empreendedor e muito querido na cidade. “Ele sempre ajudou pessoas, tinha trabalho social com a APAE, com o pessoal das feiras. Ele veio para cá novo, veio estudar para ser alguém. Abriu um restaurante, eu trabalhava com ele. Era um menino dedicado”, contou Rosemeire, com orgulho.

Em uma ironia cruel, o próprio autor do crime chegou a reconhecer o espírito solidário de Paulo. “Ele pôs o apelido no meu filho de ‘anjinho prestativo’, porque ele ajudava todo mundo na cidade”, disse.

Três meses antes da tragédia, a cidade havia vivido outra perda: a filha da ex-sogra do autor, grávida, foi morta pelo companheiro. “Foi meu filho quem pagou as despesas do sepultamento porque o plano funerário estava atrasado”, lembrou a mãe.

Durante o tempo em que esteve foragido, André Felipe teria ameaçado também a ex-companheira e a filha deles. “Ele ameaçou matar a todos. Ele queria pegar meu filho, a ex-esposa e a filha deles”, revelou Rosemeire.

A polícia segue tentando localizar a arma usada no crime. O suspeito, que não tinha antecedentes, trabalhava como segurança e estava afastado por depressão.

Agora, com o processo em andamento, Rosemeire tenta manter viva a memória do filho. “Viemos para Funilândia por causa da tranquilidade. Agora fica a dor. O legado do meu filho fica para sempre”, finalizou.