Mãe e filhas alegres e amorosas, unidas para enfrentar os problemas de saúde e financeiros que passavam. É assim que amigos próximos definem Cristina Antonini, de 68 anos, e Daniela Antonini, de 42 — mãe e filha encontradas mortas, junto com uma bebê de um ano, filha de Daniela, em um apartamento no Barro Preto, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na última sexta-feira (9 de maio). Os corpos delas foram sepultados na manhã desta quarta-feira (14 de maio), no cemitério do Bonfim, na região Noroeste de Belo Horizonte.O corpo da criança foi liberado no último sábado (10) e velado em Sabará no mesmo dia.
A cerimônia de despedida de Cristina e Daniela reuniu um grupo pequeno de amigos e familiares por volta de 10h. Amparada por amigos e bastante emocionada, a aposentada Marci Oliva Ferraz, amiga próxima da família, que se considerava segunda mãe de Daniela, definiu as amigas como "alegres e amorosas".
"É muita dor, muita saudades da minha filha (Daniela), da minha irmã (Cristina) e da minha netinha (Giovana), que era afilhada do meu filho. Eram duas pessoas totalmente alegres, que estavam passando por um problema com a filha (Giovana, que tinha uma má formação no esôfago). Eu não sei dizer qual a situação que levou a essa tragédia. Sabia que estavam com dificuldades financeiras o qual eu ajudava. Ela (Daniela) não tinha câncer, ela doou o cabelo. Elas sempre passavam o final de semana comigo", relembra.
Marci relembra que o último contato com Daniela aconteceu na madrugada do dia 30 de abril. "Ela rindo muito, alegre e feliz. Depois eu mandei mensagem perguntando ‘meu povo cadê vocês’ e não fui respondida", afirma. Após dias sem informações e diversas mensagens não respondidas, a aposentada entrou em contato com a avó paterna da bebê de um ano e oito meses, Giovana, filha de Daniela, e juntas notaram que havia algo errado.
A Polícia Militar chegou ao local após a avó paterna da criança, preocupada com o sumiço das três procurar a síndica do prédio. Os corpos da avó, da mãe e da bebê, filha de Daniela, foram encontrados em uma mesma cama, dentro de um quarto trancado, no apartamento no Barro Preto, na última sexta-feira (9). No cômodo, também estavam quatro cachorros mortos.
Pai de bebê ajudava com despesas
A aposentada também citou a relação do pai da bebê com Daniela. Segundo Marci, o genitor ajuda a custear as despesas médicas da pequena. "O pai ajudava, pagava pensão e o convênio médico. A avó paterna era muito presente. A gente não sabe realmente o que aconteceu. A última foto da Giovana foi no shopping com a avó paterna. Ela era bem presente", reforça
Marci se disse surpresa com a tragédia e cobrou uma investigação profunda para trazer respostas aos familiares e amigos. "A gente não sabe o que pode ter acontecido, se falaram algo do tratamento da Giovana. Queremos que a investigação coloque a limpo tudo que for, por mais que doa na gente. Mas que isso apareça porque está muito estranho. Cristina era radicalmente contra suicídio", finaliza.
O que aconteceu?
A Polícia Militar foi acionada após a síndica do prédio sentir um “odor forte” vindo de um dos apartamentos, que fica no 13º andar. Com apoio de um chaveiro, os militares arrombaram a porta do imóvel, que estava trancada por dentro, e encontraram os corpos das vítimas em um dos quartos.
No cômodo, também foram localizadas duas bandejas e uma pequena churrasqueira com carvão queimado, elementos que serão analisados pela perícia.
Quem são as vítimas?
As vítimas foram identificadas como Daniela Antonini, de 42 anos; sua filha Giovana Antonini, de 1 ano; e a mãe dela, Cristina Antonini, de 68 anos. Os quatro cachorros da família também foram encontrados mortos.
Segundo informações da síndica, Raquel Perpétuo Moreira, a família era inquilina do imóvel e morava no prédio há bastante tempo, embora ela pessoalmente não a conhecesse.
Motivação ainda é um mistério
Segundo a síndica, foi encontrada uma carta escrita por Daniela, que mencionava dificuldades financeiras e trazia um pedido de desculpas. O conteúdo foi entregue à Polícia Militar, que deve repassá-lo para análise da Polícia Civil. A carta pode ajudar a entender o que motivou as mortes, mas a investigação ainda está em andamento.