A farda é considerada pela Polícia Militar uma segunda pele para o policial, porém, a roupa que veste, identifica e protege o militar que sai às ruas tem duração média de um ano de uso. Depois desse tempo, surge a dúvida: o que fazer com a roupa antiga? Não é permitido doá-la, já que seus elementos simbolizam uma instituição, tampouco vendê-la. Dar nova utilidade ao tecido e ainda criar oportunidades de emprego, renda e empoderamento às pessoas em situação de vulnerabilidade é o objetivo da Associação Feminina de Assistência Social e Cultura (Afas), em parceria com a Polícia Militar de Minas Gerais, que  transforma vidas e fardas antigas por meio do artesanato.

“O projeto social da Afas surgiu com a finalidade de ajudar as famílias militares em seus momentos de vulnerabilidade, mas foi crescendo e hoje ajudamos toda a sociedade. Com as fardas, temos a oportunidade de trabalhar a sustentabilidade, desenvolvendo projetos sociais que permitem que as pessoas possam, através dessa matéria prima, gerar um produto acabado”, detalhou a presidente da Afas, Mirella Cristina Ribeiro.

Nesta quinta-feira (8), a PMMG e a Afas lançaram a campanha “Farda Solidária”, que reconhece e fortalece o projeto como meio de proteger mulheres vítimas de violência e jovens em situação de vulnerabilidade.


O projeto


As fardas antigas são passadas à associação, que repassa aos projetos sociais vinculados à  PMMG. As roupas se transformam em bolsas, aventais de cozinha, sousplats para mesa de jantar, lixeira de carro e muitos outros objetos. As pessoas assistidas por cada instituição, aprendem, criam, vendem e recebem o lucro das peças criadas.

A Cabo Débora Bastos, que atua em Almenara, no Vale do Jequitinhonha, além de ser policial militar, também é responsável por projetos sociais que usam o fardamento antigo para mudar vidas. “Temos o projeto Diamante, que é voltado para meninas de 10 a 17 anos. São 30 meninas, e suas famílias, de forma indireta, que atendemos e trabalhamos a conscientização e a prevenção da violência contra a mulher. Com o artesanato nas fardas, elas geram renda para as próprias meninas e suas famílias, disse. 

Já na região Norte de Minas Gerais, a cabo Juliana Lemes da Cruz, que atua em Teófilo Otoni desde 2016 relata como o trabalho impacta na vida das mulheres assistidas.“Muda em dois aspectos, primeiro com relação à renda. Essas mulheres passam a ter o dinheiro delas sem depender de outra pessoa, dando mais autonomia e empoderamento. O segundo é com relação ao estreitamento da PM com a comunidade. A farda é símbolo de força, e a reutilização dessa peça é uma forma de mostrar a essas mulheres o poder que elas também têm, dando um novo significado, um novo sentido a essa peça tão importante”, comenta.  

Os projetos sociais que desejam participar da ação devem buscar à PMMG da sua regional e informar o interesse na proposta.