Os professores da rede municipal de ensino de Belo Horizonte decidiram manter a greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada de forma unânime em assembleia realizada nesta terça-feira (17 de junho), na praça da Estação. Após a assembleia, os trabalhadores realizaram uma marcha até a sede da Prefeitura de Belo Horizonte, onde promoveram um protesto.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH), a paralisação já atinge cerca de 85% da categoria e afeta 75% das escolas da capital mineira.

A greve teve início em 6 de junho, após a rejeição ao reajuste salarial de 2,49% proposto pela administração municipal. Conforme o sindicato, o percentual está abaixo da inflação e do Piso Nacional do Magistério. Além da questão salarial, os profissionais reivindicam a contratação de professores, especialmente para as EMEIs, a reestruturação da carreira, a redução do número de alunos por sala, a ampliação do tempo de planejamento e a paridade nos reajustes para os aposentados.

Um levantamento da Secretaria Municipal de Educação, divulgado no último dia 11, mostrou que, das 324 escolas municipais, 310 já tiveram algum nível de paralisação, sendo que 48 delas estão totalmente fechadas. Apenas 14 seguem funcionando normalmente.

O Sind-REDE criticou a postura da prefeitura nas negociações. Segundo a entidade, mesmo com o avanço da greve, a gestão municipal não realizou reuniões com o sindicato e apenas enviou um ofício com uma alteração na proposta inicial: a extensão do vale-alimentação para os professores com carga horária inferior a 40 horas semanais. O benefício, no entanto, será pago de forma proporcional à jornada.

Posicionamento da Prefeitura de BH

A Prefeitura de Belo Horizonte defende que o reajuste de 2,49% corresponde à inflação acumulada entre janeiro e abril deste ano, com base no INPC. Segundo o Executivo, a inflação de 2024 já teria sido contemplada com o reajuste de 8,04% concedido no ano passado, percentual que, segundo a gestão municipal, superou a inflação do período.

Ainda conforme a prefeitura, o aumento representa o limite orçamentário possível e visa garantir a sustentabilidade financeira do município. O impacto anual do reajuste, somado a outras demandas da categoria, seria de R$ 493 milhões, dos quais R$ 156 milhões destinados especificamente à educação.

A administração municipal afirma também que o índice será aplicado de forma retroativa a maio e contemplará servidores ativos, aposentados e pensionistas, com incidência sobre salários, gratificações, abonos e benefícios.