Dez pacientes diagnosticados com Parkinson e outras doenças de coordenação motora participaram de um mutirão da cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (ECP) realizado pela Santa Casa de Belo Horizonte nesta quarta-feira (25). A ação é a primeira relacionada a este procedimento em Minas Gerais, e o procedimento é considerado uma forma de reduzir os sintomas da doença.

Em entrevista a O TEMPO, o neurocirurgião da Santa Casa BH Júlio Almeida explicou que o procedimento consiste em um implante que é colocado no cérebro do paciente e funciona como uma espécie de marca-passo. O especialista afirmou que esse marca-passo começa a emitir estímulos elétricos regulares que ajudam a diminuir o tremor, a rigidez e a lentidão dos movimentos.

"Durante a ECP, nós instalamos um eletrodo no paciente — um tipo de fio colocado dentro do cérebro, que passa por dentro da pele e é colocado no lado direito do peito, bem abaixo da clavícula, o que chamamos também de microestímulo elétrico", destacou Almeida.

Conforme o neurocirurgião, a cirurgia pode se mostrar como uma alternativa benéfica e eficaz em relação ao tratamento com medicações, já que os pacientes com Parkinson que tomam uma dose alta de remédios podem desenvolver dependência e a medicação pode ser ineficaz. "A cirurgia não é uma cura. Mas é uma opção muito boa para quem sofre com os males da doença. A ECP também pode melhorar a liberação de dopamina, que é um agente neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos", enfatizou.

"Cirurgia bastante complexa"

A Santa Casa de BH é o único hospital do Estado a realizar esse procedimento via Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com Júlio, o procedimento é complexo, já que é realizado em uma região muito sensível e profunda do cérebro com o paciente acordado. Além disso, o médico indicou que fila de espera do SUS para esse tipo de cirurgia é longa, pois tem um custo 'extremamente caro' se for realizado fora da esfera pública.

"O mutirão ajudou a aliviar essa fila. Temos 80 pessoas aguardando. Como somos o único hospital do estado que realiza essa cirurgia via SUS, nos mobilizamos para garantir essa assistência provendo o início do tratamento aos que estão implantando o eletrodo cerebral e mantendo a terapia para aqueles que já possuem o sistema implantado há alguns anos e necessitam da troca do gerador. É necessário ter uma estrutura adequada e profissionais qualificados na área de Neurologia para a realização desse procedimento", pontuou.

Assistência para pacientes com Parkinson

Os dez pacientes atendidos neste mutirão se juntaram aos mais de 200 que já são acompanhados pelo Centro de Especialidades Médicas da Santa Casa BH. A equipe de neurologia e neurocirurgia da Santa Casa BH provê assistência de alta complexidade a pacientes de todo o estado, cobrindo toda a jornada de assistência clínica, desde pacientes com quadros mais iniciais em tratamento medicamentoso e reabilitação até os pacientes com doenças avançadas que necessitam de tratamento cirúrgico.