A restrição no atendimento a pacientes no pronto-socorro do hospital Risoleta Neves, em Venda Nova, devido à superlotação, revolta pacientes que procuram atendimento nesta segunda-feira (14/7). Após duas horas de espera para passar pela triagem, a paciente Natália Bastos, de 26 anos, descobriu que não seria atendida.

"Disseram que só atenderiam quem está morrendo", contou a mulher, que está com inchaço no pé após uma queda. "Eles deveriam avisar que não haveria atendimento logo quando chegamos. Eu esperei para passar na triagem à toa. Isso é um absurdo", diz.

O aposentado Paulo Mariano, de 67 anos, chegou ao Risoleta por volta de 15h30. Sentado em uma cadeira de rodas, Paulo disse que machucou a região da bacia ao carregar uma geladeira durante uma mudança, e se frustrou ao saber que não receberia atendimento.

“Me disseram que os médicos que estão aqui não podem atender e que eu tenho que ir para outro lugar. Agora estou aqui há um tempão e não tiveram previdência de nada, não chamaram uma ambulância para me levar para outro lugar, nem nada”, reclamou o aposentado.

Outras pessoas no Risoleta também foram pegas de surpresa. Luciene Amaral, de 44 anos, esteve no hospital nesta segunda com sintomas de pressão alta e dores na lombar. Uma semana atrás, ela já havia se consultado na mesma unidade, quando recebeu alta após ser medicada com morfina e receber receita de antibióticos.

"Tomei os remédios, mas não houve melhora. Com esses antibióticos, estou tendo pressão alta. Eu cheguei a passar pela triagem, mas agora a direção não autorizou meu atendimento porque não tem espaço lá dentro", conta. Ela diz ter sido orientada a procurar outra Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Superlotação

Segundo a assessoria do Risoleta Neves, a restrição de atendimento foi adotada devido ao fato de ter sido atingido o limite operacional de 90 pacientes simultaneamente.

No início da tarde desta segunda-feira, o pronto-socorro da unidade estava com 181 pacientes em atendimento. "Desde sexta-feira (11/7), o hospital registrou um aumento significativo na demanda de pacientes com perfil de maior gravidade, o que impactou na capacidade de admissão de novos casos", complementou.

A Rede de Urgência e Emergência de BH já foi notificada pela diretoria da instituição, que solicitou apoio no processo de referenciamento para outras unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). "Todos os esforços estão sendo tomados para a retomada segura e habitual da assistência", esclareceu a nota.

No dia 28 de abril deste ano, a direção do hospital também precisou restringir o atendimento no pronto-socorro aos casos de urgência e emergência. Na ocasião, o motivo foi, novamente, a superlotação. Às 13h daquele dia, 171 pacientes estavam na unidade, que tem capacidade para 90 pessoas.

A Prefeitura de BH foi procurada, mas até a publicação não havia respondido.