O sistema de transporte coletivo de Belo Horizonte possui aproximadamente 300 linhas ativas, com 2.723 ônibus operando diariamente, incluindo os do MOVE. Mas você sabe como funciona a numeração das linhas do transporte coletivo da capital? Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não são números escolhidos aleatoriamente. A numeração de cada linha traz uma lógica curiosa e prática para quem utiliza do meio para se locomover pela cidade.
Desde 1988, a numeração indica a regional administrativa que o coletivo atende. Tendo isso em vista, é possível que o usuário do transporte consiga identificar facilmente de onde o ônibus sai, para onde vai e qual tipo de serviço ele oferece. Cerca de 1 milhão de pessoas utilizam o transporte público diariamente na capital.
O chefe de gabinete da Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob), Luís Castilho, explica que cada linha tem um código com até quatro dígitos. A lógica é simples, mas cheia de detalhes.
A frota de BH tem três padrões visuais, a linha MOVE nas cores verde, cinza e prata, já a convencional é azul e cinza e suplementar na cor laranja. Em cada regional, as linhas começam com um número, obedecendo a seguinte ordem:
- Hipercentro
- Centro-Sul
- Oeste
- Barreiro
- Noroeste
- Pampulha
- Venda Nova
- Norte
- Nordeste
- Leste
O número de dígitos implica no serviço ofertado à população, os ônibus da capital possuem linhas com até quatro dígitos.
Linhas com dois dígitos
São troncais, que partem de estações de integração com destino à área Central, usando vias principais, como as avenidas Amazonas e Antônio Carlos.
Exemplos são as linhas 30 (Estação Diamante - Centro) e 50 (Estação Pampulha - Centro).
Linhas com três dígitos
São alimentadoras, que fazem trajetos internos em uma regional ou entre regionais vizinhas. As alimentadoras também fazem conexão entre o bairro e uma estação de integração ou do metrô.
Exemplos são as linhas 407 (do Bairro Califórnia ao Bairro Glória, na região Noroeste) e 807 (Estação São Gabriel - Bairro Ribeiro de Abreu).
Linhas com quatro dígitos
Com itinerários mais longos, interligam duas regionais ou uma regional ao Centro. São elas:
- Radial: liga um bairro ao Centro;
- Perimetral: de uma regional a outra, sem passar pelo Hipercentro, como a linha 8150 (União - Serra, atendendo a região Hospitalar).
- Diametral: liga uma regional a outra passando pelo Hipercentro, como a linha 9202 (Pompéia - Jardim América - via Hipercentro).
Suplementares
Interligam regiões com miniônibus e não atendem a área Central.
Vilas e favelas
Miniônibus para áreas com difícil acesso, onde não é possível o tráfego dos veículos convencionais.
Mudança gradual na numeração
Apesar da padronização, 31 linhas mantêm a numeração anterior a 1998, quando o critério era baseado em corredores. Exemplo: linha 1502, criada em 1982 e ainda em operação.
Em 2023, quatro linhas da regional Pampulha (4403A, 4403C, 4403D e 4410) foram reestruturadas e renumeradas como 5034, 5035 e 5036. “A mudança envolveu reuniões da Comissão Regional de Transportes e Trânsito (CRTT), campanhas de comunicação com cartazes, redes sociais, lideranças comunitárias e letreiros nos veículos com a numeração antiga e nova nos primeiros 30 dias”, conta Luís Castilho.
As linhas que mantêm o padrão antigo de numeração são: 1145, 1404A, 1404C, 1502, 1505, 1505R, 1509, 1510, 3301A, 3301B, 3302A, 3302B, 3302D, 3502, 3503A, 4405, 4501, 4801A, 4802A, 5502C, 5503A, 5503B, 5506A, 8001A, SC01A, SC01B, SC01R, SC02A, SC03A, SC04A e SC04B.
Vilas e favelas
Atualmente, 12 linhas atendem vilas e favelas da cidade, com microônibus que acessam áreas onde os coletivos convencionais não chegam. São elas: 101 (Aglomerado Santa Lúcia); 102, 103, 107 (Aglomerado da Serra); 201, 203 (Morro das Pedras); 319 (Vila Cemig); 321 (Olhos D'Água, Pilar); 336 (Vila Bernadete); 740 (Tupi); 826 (Montes Claros) e 902 (Taquaril). Desde 2023, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) implantou tarifa zero nestas linhas.