Usuários das linhas 815 (Paulo VI/Estação São Gabriel) e 806 (Vista do Sol/Estação Vista do Sol) enfrentaram longas filas e coletivos lotados na manhã desta terça-feira (15/7). No bairro Nazaré, região Nordeste de Belo Horizonte, passageiros relataram mais de 40 minutos de espera para conseguir embarcar. A situação ocorre após a implementação do quadro de horários de férias, que entrou em vigor na segunda-feira (14/7). Com a redução nas viagens, muitos ônibus passaram pelo ponto sem parar, por estarem superlotados, deixando os passageiros "na mão".
Vídeos feitos por usuários mostram coletivos passando direto pelo ponto na avenida Marco Aurélio por volta de 5h30. O primeiro veículo a parar no local foi às 6h05, quando cerca de 30 passageiros já aguardavam há 40 minutos pelo transporte. Devido à lotação, o veículo deixou o local sem levar todos os passageiros, que continuaram esperando.
Usuários das linhas 815 (Paulo VI/Estação São Gabriel) e 806 (Vista do Sol/Estação Vista do Sol) enfrentaram longas filas e coletivos lotados na manhã desta terça-feira (15/7), no bairro Nazaré, região Nordeste de Belo Horizonte. Passageiros relataram mais de 40 minutos de espera… pic.twitter.com/MM4Yr7MDyG
— O Tempo (@otempo) July 15, 2025
Ana Cássia Barcelos, de 19 anos, foi uma das passageiras prejudicadas. Ela aguardava um coletivo para ir ao segundo dia de trabalho, em uma clínica em Venda Nova. "Estou aqui desde 5h15 da manhã e os ônibus passam tudo direto, não para nenhum, tudo lotado. Dizem que está em horário de férias, mas onde? A gente está tudo trabalhando. Agora estou com medo de perder meu emprego, ainda é meu segundo dia", lamenta.
Ao todo, 289 linhas do sistema convencional e 24 do suplementar que operam em dias úteis passaram a adotar o chamado quadro “férias de julho”. A medida vale até o dia 1º de agosto. Segundo a prefeitura, a redução no número de viagens ocorre por causa da queda na demanda registrada em períodos de recesso escolar e férias trabalhistas. Com isso, a oferta do serviço convencional caiu cerca de 7,3%, passando de 24.298 para 22,5 mil viagens por dia útil — o equivalente a 92,6% da operação normal. Para os usuários, a redução resulta em demora e lotação.
"Valor da passagem do ônibus igual pra todas as linhas pressupõe tratamento igual para todos os passageiros, certo? Errado. A linha 806 é uma vergonha! Poucos ônibus, horários irregulares, pontos de ônibus onde os motoristas não param para pegar passageiros. Somos totalmente ignorados. Agora, nas férias, piora ainda mais o que já está péssimo. Com a justificativa de menor fluxo por causa dos estudantes, como se quem trabalha não tivesse compromisso com horário, diminuíram os ônibus. O que já era ruim ficou ainda pior", desabafa Eledes Soares, de 65 anos.
Sem alternativa e temendo penalidades por atraso no trabalho, muitos passageiros recorreram ao transporte por aplicativo. "Mas é um gasto tremendo. Para ir de Uber até meu serviço eu gasto R$ 40. Isso tirado do meu próprio bolso. No final do mês, a conta não fecha. É um desrespeito enorme com todos que dependem dos ônibus", reclama a estudante Gisele Costa, de 23.
Uma passageira, que preferiu não se identificar, denuncia que a redução de horários ocorre mesmo com a reposição de aulas nas escolas, devido à greve dos professores que durou 29 dias. "Os professores ainda estão indo trabalhar, assim como funcionários e alunos", pontua.
A reportagem questionou a Prefeitura de Belo Horizonte sobre a situação e aguarda retorno.