A cada quatro dias, um caso de prostituição forçada é registrado em Minas Gerais — estado com o maior número de ocorrências desse tipo no Brasil. Dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24/7), revelam que Minas contabilizou 93 casos de favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual no ano passado. Segundo o Código Penal, o crime se caracteriza por induzir alguém à prostituição, facilitá-la ou impedir que a pessoa a abandone.

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O estudo revelou que Minas Gerais mantém a liderança das ocorrências de exploração sexual por prostituição, mesmo com a queda nos números com relação a 2023, quando foram registrados 104 casos. Ainda assim, a diferença para os demais estados é significativa: o Pará aparece em segundo lugar, com 64 registros, seguido por Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, ambos com 38 notificações.

Com relação aos números do crime em todo o País, Minas representa 18%. O Brasil registrou oficialmente 528 casos de prostituição forçada no ano passado. Ou seja, a cada seis ocorrências do tipo no País, uma ocorreu em território mineiro.

Segundo o especialista em segurança pública Jorge Tassi, a liderança de Minas Gerais nos registros de prostituição reflete, principalmente, uma maior taxa de denúncias, e não necessariamente uma maior incidência do crime. “O crime de prostituição forçada é muito negligenciado em todo o país. A sociedade o normaliza, principalmente em áreas vulneráveis. Os mineiros, portanto, demonstram ter uma tolerância menor ao crime do que as populações de outros estados. Esse dado reflete mais a reação ao crime do que sua disseminação dele em Minas”, afirma.

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Tassi reforça que os números provavelmente estão subnotificados. “Não temos uma notificação sólida sobre prostituição como forma de exploração sexual dentro do sistema. Ainda falta um estudo específico que consiga traçar esse cenário, seja em Minas ou no País. Muitas vezes, o crime é confundido com liberdade sexual, e a maioria das vítimas permanece à margem da sociedade”, acrescentou.

A reportagem demandou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) e aguarda retorno.