Em meio ao frio em Belo Horizonte, professores da rede municipal, em greve há 28 dias, montaram barracas na sede da prefeitura, na avenida Afonso Pena, no centro da capital mineira, na noite desta quinta-feira (3 de julho). No local, prometem ficar, com participação rotativa, até que seja proposto um reajuste maior do que os 2,49% oferecidos pelo Executivo.

O acampamento foi definido em assembleia, que também aprovou uma contraproposta de reajuste de 2,49%, acrescidos de 2,4%, relacionados a perdas inflacionárias anteriores, que seriam pagos a partir de 2026. O impasse acumula tentativas frustradas de acordo, com o sindicato que representa a categoria acusando “intransigência” da administração municipal, que, por sua vez, garante não conseguir aumentar a recomposição salarial.

“A gente oficiou a prefeitura que permanecemos em greve e que estamos em assembleia permanente. Isso quer dizer que, a qualquer momento que eles nos chamarem, vamos estar aqui, disponíveis para conversar”, afirmou Talita Silveira Barros, representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede BH).

Caso não haja nenhuma resposta até a próxima terça-feira (8), uma nova assembleia extraordinária será marcada. Até lá, os professores se organizam para ficar no acampamento. “O processo de greve é muito complicado. A gente preferia estar dentro da sala de aula, com nossos alunos. Mas isso é resultado de uma absoluta intransigência por parte da prefeitura”, destaca o professor Henrique Carvalho Rocha, de 32 anos.

Para entreter no período de acampamento, professores se organizam como podem. Na noite desta quinta, uma pizza alimentou um grupo de cerca de 30 pessoas. Dois docentes, uma com violão e outro com instrumento de percussão, proporcionaram distração musical para os manifestantes e para quem passava pela avenida Afonso Pena.

Em meio ao frio em Belo Horizonte, professores da rede municipal, em greve há 28 dias, montaram barracas na sede da prefeitura, na avenida Afonso Pena, no Centro da capital mineira, na noite desta quinta-feira (3 de julho). No local, prometem ficar, com participação rotativa, até… pic.twitter.com/zR0k1CYp8I

— O Tempo (@otempo) July 3, 2025

“Vamos ter aulas abertas sobre diversos temas, estamos organizando uma virada cultural de sábado (5) para domingo (6). Estamos recebendo alimentos para as famílias de crianças em insegurança alimentar. São ações que tornam o lugar um espaço vivo da comunidade”, declarou a diretora do Sind-Rede BH, Vanessa Portugal.

Greve dos professores

Os professores iniciaram a greve em 6 de junho devido ao impasse sobre o reajuste salarial. A categoria pleiteia um valor mínimo de 6,27%, enquanto a prefeitura se propôs a pagar 2,49%. Segundo o sindicato, professores de quase 90% das escolas municipais aderiram à greve, e 100% das unidades de ensino foram impactadas. Mesmo nas instituições que não estão completamente paralisadas, há profissionais em greve.

Em meio ao litígio, a Prefeitura de Belo Horizonte chegou a tentar judicializar o tema. Como resultado, a Justiça marcou uma audiência de conciliação, realizada na última quarta-feira (2). O encontro terminou sem acordo entre as partes.

Nota da PBH na íntegra

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que, diante da decisão dos professores da rede municipal de manterem a greve, apresentou nesta quinta-feira (3) recurso judicial na tentativa de interromper a paralisação e evitar que milhares de alunos permaneçam sem aulas. A medida judicial busca ainda evitar a interrupção da alimentação das crianças nas escolas que estão funcionando normalmente ou de forma parcial, já que o sindicato da categoria notificou a PBH sobre uma possível greve dos profissionais de cantina e limpeza a partir da próxima terça-feira, dia 8.

Vale ressaltar que a PBH apresentou novas propostas à categoria durante audiência realizada na quarta-feira (2) no Tribunal de Justiça, mas não houve um acordo. A PBH reafirma a impossibilidade de ultrapassar os limites financeiros já apresentados.