O transporte público metropolitano de Belo Horizonte ainda não recuperou o número de passageiros registrado antes da pandemia de Covid-19, iniciada em 2020. De acordo com o anuário da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), publicado nesta terça-feira (12/8), o transporte intermunicipal metropolitano da capital mineira atingiu apenas 66% da demanda anterior à crise sanitária — percentual bem abaixo da média nacional, que era de 86%.
O levantamento, que monitora os índices de oferta e demanda do transporte coletivo por ônibus, abrange 19 sistemas que reúnem as principais capitais e regiões metropolitanas do país. Ele mostra que, mesmo após mais de cinco anos do início da pandemia, o transporte coletivo não conseguiu recuperar totalmente o volume de passageiros.
Em abril de 2025, o nível de demanda nacional estava em 86% em relação ao mesmo mês de 2019. Desde agosto de 2022, portanto há quase três anos, esse índice oscila entre 80% e 86% do registrado em fevereiro de 2020. Segundo o anuário, apenas os sistemas de Brasília e Goiânia conseguiram recuperar 100% da demanda.
BH mantém subsídio ao transporte coletivo em nível próximo à média nacional
No monitoramento do cenário nacional dos sistemas subsidiados, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) avaliou o nível de subsídio em relação ao custo total da prestação do serviço. Em Belo Horizonte, o índice é de 33%, levemente acima da média nacional das capitais e regiões metropolitanas, que é de 32%. Nove sistemas no país subsidiam o transporte público por ônibus acima dessa média, sendo que quatro deles — São Paulo, Manaus, Goiânia e Brasília — superam 50% do custo total.
Já o baixo nível de subsídio observado em algumas capitais e regiões metropolitanas ocorre porque, nesses casos, os recursos são direcionados especificamente para custear benefícios tarifários concedidos a parcelas específicas da população, como estudantes e pessoas com deficiência, que recebem isenções ou descontos nas tarifas.
As cidades que conseguem oferecer tarifa zero normalmente possuem redes de transporte limitadas, com menor abrangência e complexidade na oferta de serviços. Por isso, conseguem financiar 100% do custo do transporte coletivo. Já os demais casos de subsídios permanentes enfrentam mais dificuldades para garantir isenção total das tarifas. Nesses locais, o nível de subsídio é restrito a percentuais menores, mas ainda assim relevantes para assegurar tarifas mais baixas e com menor impacto na renda mensal das famílias.
O que diz a Seinfra?
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) esclareceu que antes da pandemia, o sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) atendia cerca de 1 milhão de passageiros por dia. Atualmente, segundo a pasta, a demanda se encontra em patamar inferior, com aproximadamente 650 mil usuários diários.
"Mesmo diante da diminuição do número de passageiros, o Governo de Minas vem investindo no aprimoramento e eficiência do Transporte Estadual Metropolitano (Trem), otimizando as rotas já existentes e a integração com o metrô da RMBH, garantindo uma melhor cobertura do transporte público e ampliando a gama de destinos possíveis.
O Estado está promovendo a maior renovação da frota de ônibus da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Mais de 600 veículos novos já estão em circulação, e até o final de 2025 esse número será ampliado para 850. Além da renovação da frota, o Governo de Minas anunciou o projeto de Parceria Público-Privada (PPP) para construção, reforma, recuperação, modernização, manutenção e operação de 11 terminais de ônibus metropolitanos", reforçou a Seinfra.
A reportagem também demandou o Departamento de Estradas e Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH). Porém, até a última atualização da matéria, não recebeu retorno.