Médicos da rede municipal de saúde de Belo Horizonte reforçaram nesta quinta-feira (21/8) a cobrança por um plano de segurança para as unidades de atendimento da capital. A manifestação ocorreu em assembleia realizada após a Prefeitura suspender, na última terça-feira (19/8), a retirada de agentes da Guarda Municipal de 87% dos 153 postos de saúde da cidade.

Segundo o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), a retirada dos guardas só pode ocorrer se houver substituição por profissionais de segurança, como vigilantes terceirizados. O presidente da entidade, André Cristiano dos Santos, afirmou que câmeras de monitoramento e rondas externas não garantem a proteção necessária a profissionais e pacientes.

“Não podemos aceitar a simples retirada da Guarda e o retorno apenas com câmeras e rondas. Nossos centros de saúde são unidades de porta aberta, com circulação de mais de 200 pessoas por dia, muitas vezes fragilizadas. Isso pode gerar conflitos que acabam em violência por parte de uma minoria. Sem segurança adequada, corremos riscos”, destacou André.

O dirigente lembrou que a assembleia aprovou a possibilidade de paralisação caso a prefeitura leve adiante a medida sem apresentar um plano substitutivo. “Se houver retirada sem proposta clara, poderemos sim entrar em paralisação para reivindicar nossos direitos”, completou.

Histórico de violência

De janeiro a junho deste ano, 1.518 ocorrências de violência foram registradas nas unidades de saúde de Belo Horizonte, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). A média é de 253 episódios por mês — o equivalente a oito casos por dia. Os boletins de ocorrência registrados pela Polícia Militar envolvem tanto pacientes quanto profissionais da saúde.

Artur Oliveira Mendes, diretor do Sinmed, já havia alertado que a suspensão anunciada pela Prefeitura não afasta os riscos. “Não é a primeira vez que o Executivo tem essa postura. Se decidirem pela retirada, nós iremos responder e responsabilizar a prefeitura por qualquer situação que possa acontecer com os médicos. Se acontecer um ato de violência, o responsável terá nome e sobrenome”, disse.

Outros problemas na rede

Além da falta de segurança, médicos também denunciam falhas na estrutura física das unidades, falta de medicamentos e instabilidade no sistema eletrônico de atendimento. Para o sindicato, o sistema traz risco de perda de informações dos pacientes, comprometendo a assistência.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou, em nota, que está aberta ao diálogo com o sindicato. Sobre o sistema eletrônico, a pasta afirmou que a plataforma busca unificar e agilizar o atendimento em toda a rede de saúde da capital e que, em caso de instabilidade, as equipes podem acionar suporte técnico.