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53 profissionais da educação municipal contraíram Covid em BH, diz sindicato

Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública (Sind-Rede BH) afirma que protocolos sanitários nas escolas municipais não garantem segurança e prefeitura questiona dados fornecidos pelos sindicalistas

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 25 de maio de 2021 | 10:52
 
 
 
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Pelo menos 53 trabalhadores da educação infantil contraíram Covid-19 desde o retorno das atividades presenciais em Belo Horizonte, em 26 de abril, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública (Sind-Rede BH). As contaminações ocorreram em profissionais distribuídos em no mínimo 30 escolas, segundo a diretora do sindicato, Vanessa Portugal. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) alega que os dados compartilhados inicialmente pelo sindicato são de casos suspeitos, e não confirmados. 

“Tem uma subnotificação, porque esses são os dados de que o sindicato consegue uma comprovação clara. Temos dificuldades para fazer essa comprovação, porque algumas direções se sentem intimidadas e não nos dão retorno”, afirmou Portugal, em audiência pública para discutir a volta às aulas presenciais na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na manhã desta terça-feira (25). No início da audiência, a sindicalista havia informado que 45 profissionais se contaminaram, porém, ao final da reunião, disse já ter tido uma atualização. Além dos 53 casos reportados, outros oito seguem em apuração pelo sindicato. 

Os casos de contaminação são contabilizados pelo Sind-Rede BH a partir de denúncias, que são confirmadas com as escolas em seguida, conforme explica Portugal. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que as cerca de 40 ocorrências inicialmente reportadas pelo sindicato não são casos de infecção, mas de suspeitas monitoradas pela Secretaria Municipal de Saúde. “Em nenhum deles houve qualquer suspeita de contágio em sala de aula”, completou. 

A reportagem questionou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) sobre quantos casos de Covid-19 ela registrou oficialmente na comunidade escolar e o que fez a respeito. O Executivo municipal respondeu que casos e óbitos pela doença são divulgados de forma consolidada — sem discriminação da ocupação — no boletim epidemiológico diário.   

A Secretaria Municipal de Educação (Smed) informou, ainda, que as aulas presenciais são paralisadas apenas no caso de surtos de contágio — quando há pelo menos três casos suspeitos de Covid-19 no mesmo grupo, sendo um deles confirmado. Em situações de suspeita, a pessoa é afastada, encaminhada ao serviço de saúde e seus contatos são acompanhados. Em caso de confirmação da doença, o trabalhador permanece 10 dias afastado e, em caso de contato com alguém doente, 14 dias.  

Protocolos

Vanessa Portugal, do Sind-Rede BH também afirmou, na audiência pública, que o conceito de “bolhas” adotado pelos protocolos da prefeitura não estaria sendo seguido com segurança. O protocolo prevê que determinados grupos de estudantes não tenham contato com os demais, mas Portugal disse que os próprios professores estão tendo contato com mais de um grupo. “Um trabalhador pode passar por seis bolhas em uma semana. E é o adulto que tem maior potencial de transmissão e de fazer circular o vírus”, detalhou. 

A Secretaria Municipal de Educação (Smed) explicou, por meio de nota, que cada bolha atende até seis crianças, que não convivem e compartilham o mesmo espaço com as demais, mas que, para professores que possuem dois cargos na prefeitura, não é legalmente permitido que sejam dispensados de um deles. “Destaca-se, no entanto, que a jornada de trabalho dos professores foi reduzida a três vezes por semana”, acrescentou.  

Na última semana, a secretária municipal de Educação,  ngela Dalben, afirmou que as escolas do município estão prontas para receber presencialmente alunos de 6 a 8 anos, em fase de alfabetização. A prefeitura ainda não deu data para o retorno, mas afirmou que está trabalhando em um plano para o retorno. As aulas presenciais do ensino infantil municipal, para crianças de até 5 anos de 8 meses, foram retomadas desde o dia 3 de maio, e os trabalhadores retornaram às escolas uma semana antes, no dia 26 de abril. 

Corte de ponto

Cerca de 20% dos profissionais da educação infantil estão em greve, segundo o sindicato. Alguns deles estão sob ameaça de ter ponto e salários cortados, de acordo o Sind-Rede BH, que iniciará uma campanha de doações para auxiliar os profissionais. A Secretaria Municipal de Educação justificou, em nota, que o corte do ponto não é uma “decisão de governo”. “Trata-se de imposição à administração pública. Portanto, considerando as medidas de segurança sanitária, não há como organizar calendário de reposição, já que as aulas estão limitadas a quatro horas e no máximo três dias por semana”, concluiu. 

A audiência pública da ALMG ouviu deputados a favor e contra a retomada do ensino presencial, representantes de movimentos de pais e de educadores. Ações serão discutidas nas próximas reuniões da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, ainda nesta semana.  

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