Vargem Grande

A gente acha que nunca vai acontecer com a gente, diz moradora de Nova Lima

Funcionários da Vale estão na tarde desta quarta-feira (20) em frente ao residencial Solar da Lagoa fazendo o cadastro dos moradores que precisaram sair do local de forma preventiva

Por Aline Diniz
Publicado em 20 de fevereiro de 2019 | 16:02
 
 
 
normal

Funcionários da Vale estão na tarde desta quarta-feira (20) em frente ao residencial Solar da Lagoa, em Nova Lima, fazendo o cadastro dos moradores que precisaram sair do local de forma preventiva. A barragem Vargem Grande, que fica a  5 km do condomínio, vai ser descomissionada e está inativa. O objetivo é garantir a segurança dos moradores durante o processo de esvaziamento da estrutura. A cozinheira Luiza Vânia Batista Guedes, de 45 anos, perdeu uma entrevista de emprego por causa do alerta e contou para a reportagem de O TEMPO que não pretende renovar o contrato de aluguel da casa em que mora no condomínio. 

“A gente fica com medo né? Não vou querer renovar o contrato”, garantiu Luiza. A cozinheira mora há um ano no condomínio com um filho de 27 anos. A outra filha também mora no residencial em uma residência ao lado. Ela contou que duvidou da notícia. “Eu estava em Itabirito em uma entrevista de emprego. Não acreditei no momento, não queria voltar. A gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Perdi a entrevista”, completou. 

A mulher do proprietário da casa onde a cozinheira mora veio até o local para garantir que a inquilina deixasse a residência. “Ela não queria acreditar. Falou que só podia ser mentira. Vim acompanhar para verificar se ela vai para o hotel”, contou a diretora de escola Ziene Chagas Pereira, de 40 anos.

Ziene revelou que o marido tem uma residência no local há mais de 30 anos. “Os meninos (quatro filhos) foram criados aqui. Há uma história afetiva. Foi o primeiro imóvel que ele comprou”, revelou. Os filhos do casal costumavam brincar no rio que passa na propriedade. A família resolveu alugar a casa há três anos depois que compraram uma casa no condomínio Passárgada, também em Nova Lima. No último sábado, Ziene passou pelo susto de uma sirene tocando no distrito ao lado, em Macacos. 

“Eu acredito que essas sirenes tocando têm o objetivo de desviar o foco da tragédia de Brumadinho. Pra gente, fica o prejuízo é a desvalorização dos imóveis”, finalizou.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!