CIDADES

Abin investigará forasteiros

Agência Brasileira de Inteligência reforçará apuração em SP para descobrir origem de comunidade que se instalou em Minas.

Por MURILO ROCHA
Publicado em 11 de novembro de 2005 | 23:41
 
 
 
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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vai reforçar as investigações para tentar desvendar o mistério em torno da comunidade vinda de São Paulo há cerca de três anos e instalada em pelo cinco municípios da região do Campo das Vertentes e do Sul de Minas, principalmente em São Vicente de Minas.

A Abin vai concentrar as ações para na capital paulista e cidades do interior do Estado para tentar identificar a origem e os objetivos dos líderes do grupo.

A participação do órgão foi confirmada ontem à tarde durante uma reunião em Belo Horizonte com representantes da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), do Ministério Público, da Polícia Federal e Assembléia Legislativa. O grupo começou a ser investigado depois de reportagem de O TEMPO, publicada no dia 6 de outubro.

Atualmente, a estimativa da força-tarefa é de mais de 1.500 pessoas ligadas à comunidade vivendo em Minas. "Pelos levantamentos, eles podem estar perto de 2.000 pessoas no Estado", afirmou o chefe da DRT, Carlos Calazans.

De acordo com Calazans, na reunião de ontem, a representante da Abin, Valéria Fontenele, quis saber dados preliminares sobre o modo de vida do grupo, obtidos em investigações preliminares.

Fontenele não detalhou à imprensa qual será a estratégia de atuação do órgão, mas, segundo o chefe da DRT, a agência também vai inicialmente investigar a possível relação do grupo com movimentos religiosos.

Patrimônio
Porém, a principal meta da Abin e de outros integrantes da força-tarefa será identificar a origem do patrimônio da comunidade.

Além da cidade de São Vicente de Minas, onde vivem 400 membros da comunidade, os municípios de Andrelândia, Caxambu, Cruzília e Minduri acumulam investimentos dos forasteiros da ordem de R$ 10 milhões.

Segundo o delegado da Polícia Federal de Varginha, Sebastião Pujol, após 20 dias da abertura do inquérito para detectar a fonte de recursos dos paulistas, as suspeitas de lavagem de dinheiro e de estelionato são as mais fortes.

"As fazendas, por exemplo, estão em nome de pessoas aparentemente sem dinheiro para arcar com esse investimento", disse Pujol.

Em São Vicente de Minas, as cinco propriedades rurais da comunidade são registradas por Ivan Avelino da Silva, Patrícia Amaral Ferraciu, João Batista Nunes Santana, Pedro Aguinaldo Torres dos Santos e James Costa da Souza.

Antes de integrar a comunidade, James era balconista em São Paulo. Atualmente, a propriedade em seu nome está avaliada em cerca de R$ 200 mil. Nenhum dos proprietários também se apresenta como lideranças do grupo.

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