"É inaceitável que alguém possa matar outro apenas porque não lhe serve mais", disse o Procurador de Justiça, André Estevão Pereira, em acusação contra o réu André de Pinho, promotor acusado de ter dopado e asfixiado até a morte a ex-esposa Lorenza Maria Silva de Pinho. O julgamento ocorre no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) na manhã desta quarta-feira (29). Vinte e um desembargadores vão julgar culpado ou inocente o ex-promotor.

Em depoimento, a acusação pelo Ministério Público retomou os acontecimentos da data da morte de Lorenza, na madrugada de 2 de abril de 2021. O procurador usou de laudos de perito da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e investigação com testemunhas para acusar André de Pinho de ter matado Lorenza por intoxicação por medicamentos e estrangulamento entre às 23h do dia 1 de abril de 2021 e às 4h do dia 2.

A acusação reforçou atos tidos como "frios" e "tranquilos" do promotor durante o atendimento e após a morte da ex-esposa. Foi apresentada uma mensagem enviada pelo acusado à uma pessoa íntima horas antes da morte de Lorenza. "Se eu pifar, surtar, etc., conto com você para dar suporte até eu me recuperar. Até o momento estou bem, mas a pressão está pesada", escreveu o promotor.

De acordo com a acusação, a pessoa dava suporte financeiro ao acusado, o que pode estar ligado ao ato do crime. "Sinais indicativos em escritos das vítimas, relatos de testemunhas e parentes dizem que se tratava de um relacionamento desgastado. Um divórcio pediria muito trâmite e prejuízo financeiro", disse a acusação.

Por relatos da equipe de médicos e profissionais de saúde que atenderam Lorenza à pedido do promotor, a acusação afirmou que os profissionais identificaram rigidez no corpo de Lorenza e outros sinais de morte antes da chegada do socorro. Como prova, o procurador Pereira apresentou um desabafo feito pelo médico envolvido a uma colega de profissão: "cheguei lá e ela já estava morta", disse. Como resposta, a outra médica teria perguntado: "será que foi o marido?". 

Ainda, como prova para acusação de André de Pinho, o MPMG reforçou o resultado do exame de perícia da Polícia Civil. No IML, o corpo de Lorenza teria chego com repressão de sangue no pescoço e escapamento desse sangue pela boca e nariz, o que indicou que teria sido asfixiada. "Com o cadáver no IML é feito o exame de perícia técnica que constatou lesões na cervical de Lorenza produzidas em vida", afirmou o procurador.

Na sequência da sustenção oral da acusação, será feita a da defesa, no tempo de 1h30. Pode haver questões preliminares por parte dos desembargadores. 

Só assim inicia-se a votação pelo veredicto. O primeiro a votar é o relator,  seguido do revisor. O presidente da sessão não vota. Seguidos dos demais.  Em caso de empate, prevalece o voto favorável ao réu. A previsão de encerramento da sessão é às 00h.