Adolescente é apreendido suspeito de ameaçar massacre em escola de Contagem

A divulgação em redes sociais de possíveis chacinas em duas escolas de Contagem, na região metropolitana da capital, levou terror a pais e alunos e mobilizou a Guarda Municipal, a Polícia Militar e a Polícia Civil nesta quarta-feira (12). Um aluno de 16 anos, do 1º ano do Ensino Médio da escola estadual Francisco Firmo de Matos, no bairro Eldorado, criou, na semana passada, um perfil em uma rede social chamado “Massacre do Firmo dia 13”, em alusão ao dia do ataque, que seria nesta quinta-feira. 

De acordo com a Polícia Civil, o rapaz chegou a publicar um vídeo com fotos das possíveis vítimas. Após 30 minutos, segundo ele, o caso já havia tomado uma grande repercussão. Dois dias depois, ele desativou o perfil, mas foi encontrado nesta quinta-feira pela Polícia Civil após rastreamento. Na casa dele, os oficiais apreenderam celulares, computadores e jogos de vídeo-game com temáticas violentas.

“Até o momento que nós apuramos, ele é perfeitamente normal. Sabemos que ele não sofria bullying, não existe essa condição na escola contra ele. E ele fez essa postagem como uma brincadeira, depois ficou assustado com a repercussão e não tinha como voltar atrás, aí acabou ficando no silêncio. Inicialmente temos a noção de que ele cometeu um ato inconsequente”, afirmou a delegada Daniele Carvalho.

Nesta quinta-feira (13), assustados com o possível ataque, cerca de 120 alunos não compareceram às aulas na instituição. “É importante que os pais percebam o comportamento dos filhos na escola, na relação com os colegas para ver algum indício de bullying e, se isso estiver acontecendo, acionar a direção da escola”, alertou a delegada.

Uma balconista de 57 anos, que preferiu não se identificar, mãe de uma aluna especial , de 26, matriculada na Escola Estadual Firmo de Matos, em Contagem, buscou a guarda civil do município para tirar dúvidas em relação a suposta chacina divulgada nas redes sociais. "Vi esse boato e meu coração disparou, eu nem dormi. Minha filha ama o colégio e preciso saber se é para ela ir à aula ou não. Depois de tanta tragédia, até em escola, que a gente vê, tem que saber. Estou desesperada", disse.

À mãe da estudante, dois guardas civis, que preferiram não gravar entrevista, afirmaram que as escolas estadual Firmino Matos e municipal Vasco Pinto da Fonseca, ambas em Contagem já foram alvo desse tipo de boato "pelo menos sete vezes este ano". Os agentes atribuiram o fato ao massacre ocorrido em Suzano. "Sempre tem e sempre acompanhamos. São muitos por ano desde aquela tragédia e, em muitos casos, o autor do boato passa a ser vítima quando descoberto. Os próprios alunos ameaçam agredir esse pessoal que acaba tendo que ser transferido dessas unidades", afirmou. Mais tranquila, a mãe da estudante fez um apelo aos responsáveis por propagar boatos. "Tenham mais coração. Pensem que um dia poderão ser pais e no pânico que isso causa em todo mundo. São vidas em jogo. Parem com isso", pediu. 

O adolescente de 16 anos vai responder inicialmente por ato infracional análogo ao crime de ameaça. As investigações, contudo, continuam e, segundo a Polícia Civil, ainda é preciso verificar quais as circunstâncias precisas da ameaça. 

Ataque em Suzano. O susto dos pais aumentou por causa do massacre em uma escola de Suzano, no interior de São Paulo, quando, no dia 13 de março, dois ex-alunos da escola (um adolescente de 17 anos e um rapaz de 25) entraram armados e encapuzados no local. Eles mataram duas funcionárias da escola, cinco alunos e se mataram em seguida. Horas antes do massacre, ambos também mataram um comerciante que era tio de um deles. Onze pessoas ficaram feridas.