A dúvida sobre os efeitos do uso da água do rio Doce permanece, mas muitos se arriscam. Ao longo do rio, há pescadores e animais bebendo da água. Mas relatório de setembro do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) aponta turbidez em níveis muito superiores ao indicado, principalmente no trecho próximo à usina de Candonga, onde 20,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos ficaram represados.
Em Colatina, no Espírito Santo, onde o nível da água permite atravessar o rio a pé, o pescador Roberto Carlos lança-se em busca do pescado. “A questão da contaminação a gente não sabe. Esse aqui (peixe) eu vou vender, mas eu pesco pra comer também”, diz. Os efeitos do consumo da água do rio Doce por animais só será percebido no longo prazo, diz a Fundação Renova, criada para administrar as ações de reparo.
Em alguns pontos, a qualidade da água no rio Doce varia hoje entre os níveis 3 e 4, abaixo do recomendado pelos órgãos ambientais tanto para irrigação quanto para consumo animal. A classe 2 é que permite o consumo por humanos depois de tratada.
A líder do programa de uso das águas da Fundação Renova, Yone Melo, atribui o resultado à presença de coliformes fecais devido ao despejo de dejetos residenciais no leito do rio e diz que é preciso tratar o esgoto para que a limpeza seja percebida. Ela afirma que a desconfiança da população ainda é grande. “O impacto foi muito grande. É complicado para as pessoas voltarem a acreditar que a água não tem mais problema”, diz.
Confira o resultado da vistoria AQUI.
FOTO: Lincon Zarbietti |
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Mesmo desconfiado da contaminação, Roberto Carlos pesca no rio |
* O jornalista viajou a convite da fundação Renova