A semana começou um passo mais perto da normalidade nas escolas de Belo Horizonte, com alta adesão ao ensino presencial, que está autorizado para 100% dos alunos a partir desta segunda-feira (18). A flexibilização provocou um misto de alívio e ansiedade tanto para alunos quanto para profissionais da educação.

Esses sentimentos estavam presentes já nas primeiras horas da manhã no Colégio Conviver, no bairro Sagrada Família, região Leste da capital. A diretora Thais Ribeiro recepcionou professores e estudantes. "A gente faz as revisões e atualizações dos protocolos e preparando todo nosso time, os pais e alunos. A escola é um lugar seguro, desde que todas as medidas de prevenção sejam seguidas", diz.

Segundo a diretora, mais de 90% dos alunos já voltaram para a escola presencialmente. "Os que estão em casa são casos de extrema exceção, como morarem em outra cidade ou algum familiar com uma comorbidade mais severa. Fora isso, todos os alunos praticamente na escola".

Os protocolos da escola foram definidos como auxílio de uma equipe médica e acompanham os alunos desde a chegada. A entrada é controlada, e é disponibilizado álcool em gel para a higiene das mãos. Pelos corredores, as turmas se revezam no deslocamento para não entrarem contato entre si, em cumprimento da regra que transforma cada sala em uma bolha.

Na hora do recreio, outra novidade: o parquinho liberado. Uma turma por vez, os alunos aproveitaram o momento de recreação para matar saudade do contato com professores e colegas.

O contato presencial com colegas e professores foi unianimidade nas respostas dos alunos quando questionados o que mais gostaram da volta à escola. "Estou achando muito legal porque não fica só na tela do computador. Aqui podemos olhar para os amigos, professores e entendemos mais da aula", conta Larissa Santos, 9, do 4º do ensino fundamental da Conviver. 

A pandemia virou praticamente uma nova matéria na grade curricular, e os alunos têm debatido o tema ao retornarem para a sala. Matheus Morais, 9, também do 4º ano, está esperançoso sobre o combate ao coronavírus. "A gente tem falado sobre a pandemia, mas a gente prefere pensar no futuro. Acho que daqui a um mês já saímos da pandemia, do jeito que a vacinação está avançando", diz. 

A coordenadora do colégio, Renata Silva Jorge, destaca benefícios da autorização da volta ao ensino presencial para todos os alunos. "Tivemos uma perda, porque ninguém foi preparado para o online na educação, mas conseguimos fazer com que as aulas acontecessem, as crianças foram muito participativas. Agora percebemos o ganho imensurável, as crianças estão alegres, conseguimos ver de perto a evolução. Agora é hora de apertar os parafusos". 

 

No Colégio Sagrado Coração de Maria, no bairro Serra, região Centro-Sul, a taxa de adesão dos alunos ao ensino presencial está em 95%, segundo o diretor Fernando França Barros. "Temos 5% dos alunos que continuam no ensino remoto, muito por causa de famílias que têm pessoas com comorbidades, idosos etc. Mas hoje a escola está pulsando, está cheia, graças a Deus", conta.

Fernando conta que tem sido feito um acompanhamento dos alunos para identificar possíveis dificuldades. "Os professores estão trabalhando para identificar esses gaps tanto nos alunos presenciais quanto no modelo remoto, por meio de planos de recuperação, por exemplo".

Na rede pública municipal de BH, 194 mil alunos que poderão frequentar às escolas, sem necessidade de escalonamento, a partir desta segunda-feira. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, todos os estudantes que já haviam aderido ao ensino presencial permanecem frequentando as escolas. "A expectativa é que a ampliação da adesão por outras famílias seja cada vez  maior, mas só poderá ser observada ao longo das próximas semanas, a medida que se sentirem mais seguras para enviar os alunos", informou a pasta.

Minas Gerais ainda tem 233 cidades sem aulas presenciais

Atualmente, Minas Gerais ainda tem 233 municípios que não retomaram as aulas presenciais, segundo a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG). Em nota, a pasta informou que faz o acompanhamento diário da retomada presencial no Estado e esses municípios possuem decretos impeditivos vigentes. “Por isso, essas cidades ainda não iniciaram as atividades em formato híbrido, situação que provoca muita preocupação”, disse.

Segundo a SEE, os cinco municípios com maior número de alunos que ainda estão sem atividades presenciais são Januária, São Francisco, Jaíba, Capelinha e Porteirinha. Até o momento, a retomada das atividades presenciais na rede estadual de ensino contempla 2.832 escolas em Minas Gerais, localizadas em 620 municípios, com mais de 1,5 milhão de estudantes matriculados. A adesão média observada pela secretaria, em todo o Estado, é de 60% dos estudantes. 

De acordo com a Secretaria de Estado Educação, a partir desta segunda-feira (18), as escolas estaduais podem aumentar para 100% a capacidade de alunos em salas de aula, desde que seja mantido o distanciamento de 90 centímetros entre os alunos. As medidas de proteção contra a Covid-19 como o uso de máscara e álcool em gel permanecem obrigatórias.

“É importante destacar que o modelo de ensino híbrido adotado pela rede estadual segue com a alternância de uma semana de atividades presenciais e uma semana remota, sendo a presença na escola facultativa às famílias. Nos casos em que os pais ou responsáveis optarem por não liberar o aluno ao ensino presencial, será mantido o regime totalmente remoto para garantir a continuidade dos estudos”, disse a SEE. 

A reportagem entrou em contato com as prefeituras de Januária, São Francisco, Jaíba, Capelinha e Porteirinha para saber quando as aulas presenciais serão retomadas nessas cidades, mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria. (Hellem Malta)