Operações da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) já resultaram na morte de pelo menos nove integrantes do Comando Vermelho (CV) neste ano na Região Metropolitana de Belo Horizonte. É o que mostra levantamento feito pela reportagem de O TEMPO, com base em ações divulgadas pela corporação desde janeiro. O caso mais recente ocorreu nesta sexta-feira (15/8), quando uma abordagem terminou com a morte de um “braço direito” de um dos líderes da facção em Minas.
A escalada de operações com mortes dos integrantes do CV acontece em meio à ruptura nacional entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), anunciada em comunicados das organizações em maio deste ano. Desde então, crimes envolvendo a disputa entre as facções estouraram em Belo Horizonte.
O palco mais recente da disputa acontece no bairro Taquaril. Em maio deste ano, O TEMPO mostrou que a disputa entre as duas facções criminosas na comunidade se intensificou após o CV iniciar uma guerra pelo comando do tráfico na região, atualmente dominado pelo PCC.
Segundo informações da Polícia Militar, um dos suspeitos, conhecido como "PH", estaria tentando tomar para o Comando Vermelho um terreno que atualmente é controlado por outro criminoso, conhecido como "Gordo", ligado ao PCC. No passado, "PH" teria atuado como braço direito de "Gordo", mas acabou migrando para a facção rival. Desde que o rompimento entre as facções foi anunciado nacionalmente, a área controlada por "Gordo" passou a registrar diversas pichações do PCC em diferentes pontos do bairro.
Desde o início da guerra, vários homicídios já ocorreram na região. Para tentar inibir a escalada da violência, a PM já deflagrou operações em endereços ligados ao CV, que resultaram em prisões, apreensões de armamentos e drogas e mortes de suspeitos. A ação mais recente aconteceu nesta sexta-feira (15/8) e terminou com a morte de um suspeito, que seria “braço direito” de "PH". Ele era responsável por gerenciar e executar os comandos do líder, que estaria escondido no Rio de Janeiro.
A reportagem questionou a Polícia Militar (PMMG) sobre os casos envolvendo a morte de membros do CV e as ações realizadas para inibir o crescimento das facções no estado, e aguarda retorno. A matéria será atualizada assim que um posicionamento for enviado.
Veja as ações que terminaram com a morte de membros do CV em 2025:
9 de janeiro
Um homem de 31 anos, foragido da Justiça e apontado pela Polícia Militar como integrante do Comando Vermelho (CV), foi morto durante ação policial em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele foi baleado após reagir e apontar uma arma para as guarnições. O homem tinha diversas passagens criminais, incluindo homicídio, e era natural de Nanuque.
22 de março
Um homem de 26 anos, apontado pela Polícia Militar (PM) como membro do Comando Vermelho (CV) – uma das maiores facções do país – e considerado um dos criminosos mais perigosos do Estado, morreu em confronto com militares após ser abordado em uma blitz na zona rural de Contagem, próximo à Várzea das Flores, na Região Metropolitana.
Ele estava dirigindo uma Land Rover branca e rebocando uma moto aquática quando foi abordado em uma blitz. O suspeito se recusou a descer do veículo, apontou uma pistola em direção aos policiais e acabou baleado.
2 de maio
Dois criminosos da facção carioca Comando Vermelho (CV), que tentavam invadir o bairro Taquaril, na região Leste de Belo Horizonte, para assumir o tráfico de drogas no local, morreram após uma intensa troca de tiros com agentes da Polícia Militar (PM). O tiroteio ocorreu após diversos moradores acionarem a corporação, denunciando que suspeitos armados de fuzil e granadas estariam circulando e ameaçando a comunidade.
21 de julho
Dois homens, de 28 e 33 anos, apontados como líderes do Comando Vermelho no Morro das Pedras, região Oeste de Belo Horizonte, foram mortos durante uma operação da Polícia Militar (PMMG), no bairro Copacabana, na região de Venda Nova. Eles tinham reagido, apontado armas para os militares e acabaram baleados.
Durante a ação, foram apreendidos granadas, armas e uma grande quantidade de drogas que seriam distribuídas para regiões de Belo Horizonte e Teófilo Otoni, no Mucuri.
14 de agosto
Um homem de 26 anos, apontado como braço-direito de Andinha, número 1 do Comando Vermelho (CV) em Minas Gerais, morreu em confronto com a Polícia Militar na MGC-356, em Belo Horizonte. Outro membro da facção, de 25 anos, também morreu no confronto. A dupla foi avistada quando praticava um roubo. Os militares flagraram a vítima, um homem de 61 anos, com as mãos para cima e com uma arma apontada para a cabeça. Enquanto um suspeito ameaçava a vítima com a arma, o outro revistava o alvo.
Ao se deparar com o crime, os militares desembarcaram, se posicionaram em segurança na mureta da rodovia e mandaram os suspeitos largar a arma. O braço-direito de Andinha virou-se em direção aos militares e atirou contra a guarnição. O segundo suspeito fez menção de levar a mão à cintura, também como se estivesse armado. Os militares revidaram e atiraram. Os dois morreram após serem socorridos para o hospital.
Segundo a Polícia Militar, o homem de 26 anos tinha quatro mandados em aberto, extensa ficha criminal por crimes como homicídio, tráfico, porte ilegal, adulteração de veículo e associação criminosa, e era apontado como gerente do tráfico do Morro das Pedras, integrante do Comando Vermelho e braço-direito de Andinha, que está foragido. Já o outro suspeito também integrava o Comando Vermelho e tinha passagens por tráfico, porte, adulteração e fuga do sistema.
15 de agosto
Um homem de 27 anos, apontado como membro do Comando Vermelho (CV), foi morto a tiros durante uma abordagem policial no bairro Rosário, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nessa sexta-feira (15/8). Ele teria reagido e apontado uma arma para os militares, que revidaram e o balearam.
Segundo a PM, o suspeito teria envolvimento na guerra entre facções que disputam o controle do tráfico de drogas no bairro Taquaril. Ele também era “braço direito” de PH, atualmente escondido no Rio de Janeiro.