Venda Nova

Alunos de escola municipal estão sem professor de português há 8 meses

Cerca de 100 alunos do 9º ano da Escola Municipal Professor Tabajara Pedroso estão prejudicados

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 19 de setembro de 2014 | 18:59
 
 
 
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"Os alunos ficam na quadra jogando bola, jogo da velha ou ficam à toa dentro da sala, jogando conversa fora. Eu fico assustada. O que será deles no 1º ano? O ano já está acabando, como será para repor?". Essa é a preocupação da mãe de um dos alunos das três turmas do 9º ano da Escola Municipal Professor Tabajara Pedroso, localizada no bairro Candelária, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, que estaria sem um professor de português desde fevereiro deste ano.

Conforme Cléia Márcia Alves da Silva, de 43 anos, que é mãe de um aluno de 15 anos da instituição, o problema teria ocorrido após o professor da matéria se aposentar. "Estou tão preocupada que vou pagar um curso intensivo para ele, já que tentará o Cefet e o Senai e não tem condições de passar, uma vez que não sabe o que é uma redação dissertativa. Eu, como mãe, vou ter que ensinar para ele?", questiona a mulher.

Desde então, a mulher afirma ter entrado em contato duas vezes com a Ouvidoria da Prefeitura de Belo Horizonte, nos dias 13 e 19 de agosto. "Falaram que demoraria 16 dias para me darem uma resposta, mas o prazo já passou e até hoje nada foi feito. Enquanto isso os estudantes é que estão pagando", lamentou Cléia.

A vice-diretora da escola, Ângela Garcia, confirmou a informação repassada pela mãe, detalhando ainda que cada uma das turmas tem em média 35 alunos, o que leva à conclusão de que mais de 100 alunos podem estar sem aulas. "Tínhamos uma professora, que se aposentou no início do ano. O problema é que, como na prefeitura só pode trabalhar professor concursado, ainda não conseguimos encontrar um de português que possa atuar no horário da manhã", explicou.

Ainda de acordo com a servidora pública, eles têm conversado com os alunos, que sabem da realidade. "Conseguimos uma professora que ficou 15 dias e, por motivos particulares, acabou saindo. Já conversei com as outras escolas para ver se tem alguém disponível, verifiquei na convocação de professores concursados, mas nada. Enquanto isso, os meninos não são liberados, ficam na escola e têm a carga horária preservada", alegou a vice-diretora.

Ângela ainda afirmou que a escola conseguiu uma autorização da Regional Venda Nova para que uma professora que atua no turno da manhã possa fazer a reposição das matérias com os alunos no turno da tarde. "Mas ainda aguardo uma carta da Secretaria de Educação para poder comunicar aos pais. O que importa é que, enquanto não se resolve o problema, os professores dos outros anos estão ajudando, passando atividades para eles", argumentou.

Resposta

A Secretaria Municipal de Educação foi procurada e informou que realmente a rede só trabalha com professores concursados, sendo que a partir de dois dias que um profissional se aposenta já se pode substituí-lo. A forma mais comum é por meio do regime de dobra, quando o profissional atua em um horário em uma instituição e no outro turno em outra.

Ainda segundo a assessoria de imprensa, a professora que substituiu o profissional aposentado desistiu de dobrar e agora o órgão está em busca de alguém para assumir o cargo. Por fim, a secretaria informou que um novo professor já está sendo nomeado, mas que enquanto isso não acontece um professor substituto será enviado já na próxima semana para garantir a carga horária e a reposição da matéria perdida.

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