O Anel Rodoviário Celso Mello Azevedo, em Belo Horizonte, já registrou mais de 270 acidentes somente neste ano - uma média de quase dois a cada dia. As colisões resultaram em nove vidas perdidas entre 1º de janeiro e a última quarta-feira (8), de acordo com os dados mais recentes da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). Nesta sexta (10), a triste estatística cresceu mais um pouco com o registro de um engavetamento envolvendo oito veículos, que matou duas pessoas.
Anel Rodoviário
Mortes
2020: 12 óbitos
2021: 11 óbitos
2022: 9 óbitos
Acidentes
2020: 258 ocorrências
2021: 290 ocorrências
2022: 271 ocorrências
Fonte: Comando de Policiamento Rodoviário. Dados de 2022 registrados entre 1/1/22 e 8/6/22.
A vinte dias de chegarmos ao meio de 2022, os números do ano corrente apontam para a chance de que 2022 tenha mais ocorrências e mais letalidade no Anel Rodoviário.
Motivos
De acordo com o tenente Luiz Fernando Ferreira, comandante do Anel Rodoviário, a rodovia Celso Mello Azevedo tem estrutura arcaica e que, desde que foi construída, nunca passou por reformas. "A única alteração foi transformar o que era acostamento em uma terceira faixa de circulação", disse.
Segundo ele, essa ampliação de pista causa alguns problemas, sobretudo nas proximidades de viadutos, como o chamado estrangulamento do tráfego, ou seja, o afunilamento de três pistas para duas pistas, o que gera retenção. "A retenção gera colisões traseiras, motociclistas transitando no corredor, entre outras questões", afirmou.
Mas não é só: há, ainda, pedestres que atravessam a rodovia fora da passarela, sob risco de atropelamento e morte. Pedestres, juntamente com motociclistas, são os mais vulneráveis na via.
"Vale ressaltar a ausência de radares no Anel na parte sob responsabilidade do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), é um trecho de aproximadamente 15km que não possui radar", completou Luiz Fernando Ferreira.
A reportagem entrou em contato com o DNIT para entender o motivo da falta de radares, e aguarda um retorno.
Soluções
"Tudo isso poderia ser resolvido se os condutores tivessem educação no trânsito, respeitando as leis de trânsito, não dirigindo utilizando telefone, embriagado. Um dos grandes problemas, na verdade, tem enfoque no condutor. Uma ação preventiva do condutor poderia superar todos esses desafios", finalizou o comandante do Anel Rodoviário da PMRv.
Para especialista entrevistado pela reportagem de O TEMPO, a construção do Rodoanel seria uma solução apropriada para alguns desafios da rodovia. Outra alternativa é a área de escape, que é construída pela prefeitura da capital, e que deve ser concluída ainda no primeiro semestre deste ano, segundo a PBH.
Entenda a dinâmica do acidente
O acidente ocorreu quando a carreta com cerveja seguia pelo Anel Rodoviário, com destino a Goiânia. O motorista tentou frear o veículo de grande porte ao visualizar um acidente envolvendo dois automóveis pequenos.
No entanto, ele perdeu o controle da direção e bateu no radar horizontal de letreiro, que caiu sobre o caminhão. Na sequência, outros veículos bateram contra o primeiro, ocasionando um engavetamento. O último veículo acertado capotou. Ao todo, foram três caminhões e cinco carros de passeio envolvidos.
Em uma primeira análise, toda a documentação dos veículos está regular. Apesar disso, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso. Neste sábado (11), os corpos dos dois homens - um publicitário e um presidente de quadrilha junina - foram velados na capital.