Moradores da Vila da Luz ainda não tem data para deixar as margens do Anel Rodoviário. É que o grupo faz parte da segunda fase do Concilia BR-381 e Anel, um programa judicial de conciliação para remoção e reassentamento humanizados de famílias do Anel Rodoviário e da BR-381. Os moradores só serão contemplados pelo programa após a conclusão da primeira etapa do processo, que hoje é destinado a moradores da Vila da Paz e do Pica-Pau, ambas na capital.

Wellington Antunes que é churrasqueiro e mora às margens do Anel Rodoviário, e teve a sua casa atingida no acidente da manhã desta sexta-feira (13), disse que a sensação de medo é diária. "Às vezes, o telefone da gente toca e a gente já fica com um sentimento ruim, medo de ter acontecido alguma coisa com a família da gente", relatou.

Dois filhos de Wellington, uma menina de 11 anos e um menino de 8, precisaram ser socorridos no acidente desta manhã. Eles estavam em casa dormindo quando a carreta desgovernada tombou sobre residências da região. "É risco 24 horas por dia", desabafou.

A expectativa é de que 650 famílias de Vila da Luz sejam contempladas pelo Concilia BR-381 e Anel. Apesar da situação de insegurança e dos riscos aos quais são expostos, os moradores só serão contemplados na próxima fase, que ainda não possui previsão para começar.

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), um dos responsáveis pelo programa, a ordem de atendimento das comunidades foi definida pela Justiça.

Wellington disse que já foi procurado pelos órgãos, assim como outros moradores, para retirada da família. "Eles vieram, mediram a casa, mas tiraram só algumas pessoas. Esqueceram do resto, entendeu?", disse. Ele acredita que estão abandonados e que convivem diariamente com o risco.

Saiba o que aconteceu

No acidente da manhã desta sexta, 10 famílias foram atingidas, impactando cerca de 26 pessoas. A Defesa Civil de Belo Horizonte esteve no local e interditou as casas por risco de desabamento. Para as famílias foi oferecido ajuda humanitária com a doação de cestas básicas, colchões, lençóis e cobertores.

Desde a criação do Concilia, 253 famílias já foram reassentadas e outras 54 estão em fase de pesquisa imobiliária. O projeto é executado pelo DNIT junto ao Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União, o município de Belo Horizonte e a Sociedade Civil Organizada. O Concilia surgiu após uma ação civil pública instaurada em 2013 e teve as suas primeiras ações já no ano seguinte.