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AngloGold Ashant Brasil investe US$ 160 mi e abre processo de seleção

Pandemia favorece preço do ouro, mas custos ainda são altos; no Brasil, precisa-se de 3.900% a mais de pessoas na segurança do que na Austrália

Por Aline Peres
Publicado em 04 de setembro de 2020 | 20:50
 
 
 
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A Live do Tempo dessa sexta-feira, 4, teve como entrevistado o Vice-presidente da AngloGold Ashanti Brasil, Camilo de Lelis Farace. Ele falou sobre os investimentos milionários da empresa no país e do processo de seleção que está em aberto, com mais de 100 vagas para vários setores. Os reflexos da pandemia nos negócios também foi um dos assuntos da entrevista conduzida pelos jornalistas Helenice Laguardia e Karlon Aredes, editor de Economia.

Como o novo coronavírus influenciou as atividades da AngloGold Ashanti Brasil? Para este ano a empresa conseguiu aumentar a produção de ouro, que vinha em uma toada de 15,5 toneladas por ano, ou vai ter queda?

O ano começou com uma expectativa muito boa, mas a pandemia nos desafiou a buscar uma forma de fazer com que pudéssemos sobreviver a toda essa situação e manter a nossa atividade essencial, operando para produzir dentro do propósito de nossa organização. Naturalmente, tivemos que nos adaptar muito, e a produção está sendo mantida. O ouro hoje atingiu um patamar elevado, o que tem sido um ponto positivo no contexto de fazer frente a outros custos, que também dentro das indústrias aumentaram de forma significativa. O nosso nível de produção estimado para 2020 se mantém em 15,5 toneladas, o mesmo nível de 2019.

Os planos de investimento foram alterados em função das adaptações com a pandemia, que consequentemente gerou mais gastos?

Estamos mantendo todo nível de investimento planejado, independentemente dos efeitos que têm ocorrido em função das mudanças que houve com a pandemia. A AngloGold tem um valor significativo de investimentos para 2020, em torno de US$ 160 milhões. Mas, é importante ressaltar que a mineração tem uma demanda de capital intensiva e contínua de investir em exploração, em desenvolvimento e em infraestrutura. Não temos nenhum projeto de expansão maior propriamente dito, e sim de continuação operacional.

Minas Gerais representa 75% de todo o movimento da AngloGold no Brasil. Esse protagonismo continua ou aumentou?

Majoritariamente nossa produção ocorre em Minas Gerais, essencialmente nos municípios de Sabará, Caeté e Santa Bárbara. Também com planta metalúrgica no município de Nova Lima. Então, nossa maior produção realmente está concentrada na região do Quadrilátero Ferrífero, esses 75% da produção da AngloGold no Brasil.

No Brasil, a questão da segurança é um dificultador para os investimentos?

Ter uma operação hoje no Brasil é um custo diferenciado e muito significativo. Para você ter uma ideia, hoje, comparando as operações da AngloGold no Brasil com as operações na Austrália, aqui temos mais de 200 pessoas na área de segurança patrimonial, quando na Austrália nós não temos cinco.

Vocês continuam explorando na mina de Morro Velho, em Nova Lima, região Central de Minas, que está em atividade há quase 200 anos?

Essa é uma característica que poucos conhecem. São 186 anos de operação contínua e é uma marca impressionante. Para quem fala que mineração dá uma safra só, eu costumo dizer que nós estamos na primeira safra há 186 anos nessa mina. Sabemos que temos hoje recursos para expandir a nossa produção para muito além dos 200 anos. Essa é nossa meta maior hoje, faltando apenas 14 anos. Essa mina é da AngloGold desde 1986, quando começamos a exploração em escala industrial nessa lavra da mina Cuiabá, mas, ela já existe há quase 200 anos em operação. Ainda existe em profundidade um valor de reserva significativo em recurso mineral, porém nós não temos hoje um plano específico de fazer exploração desse recurso existente. Por várias razões, inclusive porque estamos hoje exatamente em cima do município de Nova Lima neste jazimento, e nós temos outros planos.

Há projeto para aumentar a profundidade de exploração na mina Cuiabá, em Sabará, que atualmente opera com 1.300 m em relação ao nível principal de entrada? Quais planos são esses a que você se referiu?

Explorar minas que tenham potencial significativo em profundidade é uma das características nossas em relação ao negócio do segmento de ouro. Tem vários tipos de depósitos inexplorado, e a característica da mineração Cuiabá, em Sabará, é exatamente essa. Temos corpos que mergulham em profundidade operando atualmente a 1.300 m nessa mina, e o trabalho continua sendo abaixo desse nível. Faz parte da nossa realidade e é um desafio crescente. Na própria AngloGold, operamos a 4.000 m de profundidade em uma mina na África do Sul.

São quantos funcionários atualmente na AngloGold Ashanti Brasil? Quantos deles estão em Minas?

No Brasil, considerando os empregados próprios e contratados, temos em torno de 7.000. Desse total, por volta de 4.800 são em Minas Gerais e 2.200 em Goiás.

Pode aumentar esse volume de contratações?

Há vagas abertas atualmente? Nos próximos anos, um pequeno crescimento do quadro de pessoal deverá acontecer, até mesmo em função de demandas pontuais como as que a gente tem, em torno de projetos que vão aumentar em 2021. Eu não tenho o número exato dessas futuras vagas, mas, atualmente, temos 150 vagas em aberto para processo de contratação. O cadastro pode ser feito no site da empresa: www3.anglogold ashanti.com.br

O que a empresa planeja com relação à barragens de rejeito?

A AngloGold planeja, até o final de 2022, encerrar a deposição a úmido nas suas barragens. O que significa dizer que, até 2025, depois de encerrado em 2021 e 2022 a deposição a úmido, vamos concluir o processo de descaracterização completa das nossas barragens. É mais uma ação que AngloGold decidiu a partir de 2016. Há quatro anos trabalhamos com uma meta de encerrar o ciclo da existência na nossa história desse tipo de barragem nas operações, tanto de Minas quanto em Goiás.

A cotação do ouro no país, que está em alta, passa pela questão dos custos da mineradora ou também pela falta de interesse de outras empresas mineradoras para que venham para o Brasil?

Com relação à questão do preço propriamente dito, ele opera em função da conjuntura global. O preço é uma commodity internacional na qual nós temos que atuar de acordo com aquilo que o mercado precifica, e o Brasil em si não tem uma influência direta. Sobre o interesse de vir para o Brasil, somos um país com dimensões continentais e com potencialidades geológicas imensas, mas, quando a gente compara a nossa realidade com outros países onde a mineração está muito mais desenvolvida, percebemos uma diferença muito significativa exatamente no nível de maturidade.

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