CIDADES

As filhas de Ângela

Redação O Tempo


Publicado em 26 de julho de 2016 | 19:50
 
 
 
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Leidiane Batista, 26

Leidiane Batista

“Da primeira vez que ela adoeceu, recuperou-se rápido, mas depois de cinco anos (o tumor) voltou. Um amigo dela ajudou muito, lavava as roupas para ela porque a gente era pequena e meu pai trabalhava. Ela sempre batalhou para cuidar da gente, ensinou coisas boas. Queria ter curtido mais minha mãe, eu namorava e não ia para as festas com ela. Agora venho sempre aqui. Ela foi a minha casa poucas vezes. Quem está me dando forças hoje é o Riquelme (filho) porque eu sei que estou perdendo minha mãe, ela está fraca, precisa descansar. Eu só não imagino minha vida sem ela. Fiquei morrendo de medo de ela não conseguir ver o Riquelme nascer. Ela não conseguiu assistir ao meu parto nem cuidar muito do Riquelme. Todo mundo fala que ele é a cara dela, tem o nariz dela”. (7/12/2016)

Rayane Batista, 24

Rayane Batista

“Cresci com a doença dela, foi muito triste ver ela assim. Às vezes ela melhorava, às vezes piorava. É uma guerreira. Ela criou o meu filho (Tiago) desde que ele nasceu e me ajudou com Jamily, agradeço muito. O que eu puder fazer para realizar os desejos dela eu faço. Ela tem medo de morrer por causa do Tiago, que dorme junto com ela. Quando ela perdeu a memória (em abril de 2016), eles acharam que o tumor estava no cérebro, perguntaram se a gente autorizava não entubá-la, no CTI, e a gente quis que ela ficasse no quarto para se despedir. Eu peço a Deus que não deixe ela sofrer. Eu sei que sou a que dá mais trabalho, mas não aguento imaginar perder minha mãe. O câncer está avançado, os médicos já desenganaram, mas eu creio que ela vai se curar ainda”. (17/11/2016)

Queture Batista, 22

Queture Batista

“Minha mãe não era assim, era alegre. De uns três anos para cá, você olha para ela e ela está com cara de dor. Se a gente sente uma dor de cabeça e fica nervosa, imagina ela. Ela é exemplo de vida para todo mundo. Eu sou a mais forte, meio ignorante, mas sozinha eu não me seguro tanto. Quando a casa pegou fogo (em setembro de 2016), foi uma barra, ela tinha lutado para arrumar esse apartamento, e foi na mesma época em que ela colocou o cateter. O médico falou comigo que ela não tinha muito tempo, que era para ficar mais perto dela, não deixar ela no hospital, para eu conversar com minhas irmãs e a gente ficar unida. Parei de pedir a Deus para ter ela comigo, comecei a pedir para dar paz a ela. Minha preocupação é o Tiago, ele diz que, se a avó morrer, ele se mata”. (14/12/2016)

Ludmila Batista, 18

Ludmila Batista

“Quando eu tinha 16 anos, o câncer dela atingiu o pulmão, aí eu tive que cuidar dela como se eu fosse a mãe. Deixei de viver minha vida para fazer tudo por ela, não me arrependo, aprendi que ‘desistir, jamais’. A gente via ela sentindo dor, emagrecendo e não podia fazer nada. O serviço paliativo foi a melhor coisa que recebemos porque seria ruim ela ir para o hospital toda hora, ia ficar sem ver os netos. Nas últimas horas dela no hospital, ela sofreu muito, nunca quis colocar uma fralda e usou lá, tentava falar, mas não conseguia. Ela tinha uma força estranha. Fico feliz de ela ter visto eu fazer 18 anos, mas vai ser difícil quando a gente ver que ela não estará mais aqui nas datas comemorativas. A impressão que eu tenho é que ela está na casa de alguma tia minha e que vai voltar”. (19/5/2017)

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