Associação de usuários acionará MPMG contra aumento da passagem dos ônibus de BH

Uma semana depois do prefeito Fuad Noman (PSD) afirmar que, se houvesse um reajuste no preço das passagens de ônibus de Belo Horizonte, ele seria "muito pequeno", a Prefeitura de BH anunciou, nesta terça-feira (26 de dezembro), um reajuste de R$ 0,75 na tarifa, que passará para R$ 5,25 na próxima sexta-feira (29). O "presente de Natal" foi recebido com indignação pelos usuários do transporte coletivo da capital, que prometeram acionar o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra o aumento.

O presidente da Associação dos Usuários de Transportes Coletivos da Grande BH (AUTC), Francisco Maciel, chamou o reajuste de “apunhalada pelas costas”. "O prefeito garantiu para os usuários que, se tivesse reajuste, seria pouquinho. Esse foi o termo que ele utilizou, então como ele justifica esse aumento três vezes maior que a inflação e em um período em que as empresas receberam subsídio?”, protestou. 

As empresas de ônibus de BH recebem subsídio desde 2022, quando foram pagos R$ 237,5 milhões pelo município. Já em 2023, para manter os R$ 4,50 das passagens, foram pagos R$ 512,7 milhões, sendo R$ 390 milhões da PBH e R$ 120 milhões da Câmara Municipal.

Maciel também criticou o fato de o reajuste ser anunciado poucos dias depois de a PBH divulgar a metodologia para calcular os custos do transporte público da cidade e ela incluir os gastos com salários, jornadas e outros encargos de cobradores, apesar de esta categoria ter sido "eliminada" há pelo menos quatro anos.

"(O reajuste) é tecnicamente imoral, pois só faz sofrer, ainda mais, os usuários do transporte, pois a qualidade só existe na boca dos gestores. Nos ônibus mesmo, não se vê qualidade, o que se vê é superlotação e descumprimento dos quadros de horário, é maus-tratos aos usuários. Não é possível que a cidade conviva com esse tipo de coisa", finalizou o presidente da AUTC.

O anúncio

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou, nesta terça-feira (26/12), o aumento da passagem de ônibus da capital de R$ 4,50 para R$ 5,25. O reajuste, de 16,6%, vai entrar em vigor a partir da próxima sexta (29/12).O valor da passagem não era reajustado desde dezembro de 2018, quando o preço havia passado de R$ 4,20 para R$ 4,50.

O valor referência de R$ 5,25 vai valer para as linhas perimetrais, radiais, semi-expressas, diametrais, troncais e Move. Já o valor da passagem das linhas circulares e alimentadoras vai subir de R$ 4,20 para R$ 5. (Confira todos os valores abaixo)

Subsídio

O Orçamento previsto pela PBH, aprovado na Câmara, previa inicialmente o repasse de R$ 392 milhões de subsídio e projetava preliminarmente dois cenários de tarifa no próximo ano: R$ 4,50 e R$ 5. 

Em entrevistas à imprensa, o prefeito Fuad Noman (PSD) criticou as especulações e disse que os valores eram apenas uma previsão inicial que ainda poderiam sofrer alterações. Na ocasião, o prefeito afirmou que se houvesse aumento na tarifa, o reajuste seria pequeno.

Caminhando para o terceiro ano consecutivo de pagamento de subsídio às empresas de ônibus, o superintendente de Mobilidade Urbana, André Dantas, afirmou, na última semana em entrevista a O TEMPO, que o subsídio é um caminho que a prefeitura terá que trilhar daqui para a frente.

Em nota, o presidente da Câmara de BH, Gabriel Azevedo (sem partido), criticou Fuad, que, segundo o vereador, fala em aumento de passagem para aliviar os próprios cofres, mas nunca em aumento de qualidade. “Se um projeto de resolução for a saída para exigir a apresentação de um plano de qualidade, o Legislativo não faltará em cumprir sua função”, disse Gabriel. 

Veja os valores da passagem

Serviço convencional
- Linhas perimetrais, radiais, semi-expressas, diametrais, troncais e MOVE - R$ 4,50 para R$ 5,25
- Linhas circulares e alimentadoras - R$ 4,20 para R$ 5,00
- Linhas de vilas e favelas - Gratuito

Serviço Suplementar
- Linhas longas - R$4,20 para R$5,00
- Linhas intermediárias 1 - R$4,20 para R$5,00
- Linhas intermediárias 2 - R$4,50 para R$5,25
- Linhas curtas - R$2,00 para R$2,50

(Com informações de Gabriel Ferreira Borges e Letícia Fontes)