Análise da Belorizontina

Backer também encontrou dietilenoglicol em cerveja de lote contaminado

Perícia da Polícia Civil já tinha constatado a presença de dietilenoglicol nas garrafas de Belorizontina do lote 1348

Por Lara Alves
Publicado em 15 de janeiro de 2020 | 11:56
 
 
 
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Com conclusão semelhante à da investigação comandada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), uma análise coordenada pela cervejaria Backer em parceria com o professor Bruno Botelho, do Departamento de Química da UFMG, também comprovou a existência de dietilenoglicol em uma garrafa de Belorizontina do lote 1348.

No entanto, na manhã desta quarta-feira (15), a cervejaria comunicou por meio de sua assessoria que uma perícia particular está em andamento e os resultados obtidos só serão compartilhados após a conclusão dos laudos. A empresa, no entanto, não apontou o que exatamente está sendo periciado.

A amostra de cerveja investigada pela própria Backer já havia sido periciada por investigadores na semana passada e, em 9 de janeiro, a Polícia Civil publicou um laudo confirmando ter detectado a presença da substância tóxica em duas amostras da cerveja, coletadas e encaminhadas pela Vigilância Sanitária.

Ambas pertencem ao mesmo lote, mas acabaram engarrafadas em duas linhas de produção diferentes: L1 e L2. Uma outra análise da instituição comprovou ainda a presença de dietilenoglicol – que a Backer nega ter usado – e monoetilenoglicol – que a cervejaria confirmou o uso – em um dos equipamentos usados para o resfriamento da bebida

"A Backer, fazendo e tomando iniciativa junto com o professor Bruno, achou, sim, essa substância (dietilenoglicol) que não é utilizada e nunca foi utilizada aqui dentro da cervejaria. Eu não sei te dizer (como a substância foi parar tanto na cervejaria quanto na bebida). Dentro da cerveja nós encontramos (o dietilenoglicol), da Belorizotina do lote que foi analisado, que foi o mesmo lote que a polícia, as autoridades analisaram. Por isso, aqui, não sabendo onde está essa possível contaminação, eu peço, não bebam Belorizontina", confirmou Paula Lebbos, CEO da Backer, durante coletiva nessa terça-feira (14), a respeito da análise conjunta feita pela cervejaria a partir de uma amostra retirada do lote contaminado. 

Questionada sobre a cervejaria ter encontrado ou não a substância também nas instalações da fábrica, a assessoria de imprensa da Backer apontou que não divulgará nenhum posicionamento a respeito do tema.

Durante seu posicionamento, a CEO da marca também declarou que precisa de autorização dos órgãos de fiscalização e justiça para contratar uma auditoria independente que investigue a contaminação na empresa. 

"Nós estamos aqui abertos para que seja feito avaliações, a Backer não pode tomar iniciativas sem antes ter autorização (...). Nós contratamos uma perícia técnica para avaliar processos. Todo nosso processo diário, desde o primeiro, recebimento do malte, até o final, que é o processo de envase, tudo está sendo averiguado por uma perícia técnica", explicou. 

Interdição

As instalações da fábrica da Backer, no bairro Olhos D'Água, na região do Barreiro, estão interditadas desde a última sexta-feira (10) por determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

Antes disso, o tanque de número 10 da cervejaria – onde eram produzidas as cervejas Belorizontina e Capixaba, cuja fórmula era a mesma – já havia sido lacrado pelo ministério em conjunto com a Polícia Civil. Isto para que amostras pudessem ser coletadas sem quaisquer prejuízos à investigação. 

"No tanque 10, se verificou que está contaminado com esse dietilenoglicol. Por isso estou aqui pedindo para não beber a Belorizontina e a Capixaba, que faz parte do mesmo tanque. Porém são rótulos diferentes", confirmou Paula Lebbos. 

Através de sua representante oficial, a cervejaria garantiu ter confiança nas investigações para rápidos esclarecimentos relacionados à contaminação que pode ter causado a morte de, pelo menos, duas pessoas em Minas Gerais.

Uma força-tarefa composta por órgãos de justiça e saúde investiga justamente se a ingestão da cerveja Belorizontina contaminada com dietilenoglicol pode ter causado o adoecimento de, também pelo menos, 17 pessoas. Todas elas teriam apresentado insuficiência renal aguda e alterações neurológicas após beber a cerveja.

Apoio às vítimas

A Cervejaria Backer disponibilizou um número de telefone para auxiliar os pacientes que estão sob suspeita de intoxicação por dietilenoglicol após consumirem a cerveja Belorizontina.

"A Backer está aberta para receber o contato desses familiares sempre que desejarem e continua colaborando com as autoridades e verificando seus processos para contribuir com as investigações e ter respostas o quanto antes. O contato exclusivo para os familiares é (31) 3228-8859, de 8h às 17h", diz nota.

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