Trânsito Complicado

Baleiros fazem protesto na Cristiano Machado por morte de colega

Objetivo era lembrar a morte de Maycon Jardim Valadares, de 18 anos, morto atropelado na última sexta-feira (20), e cobrar que a profissão de vendedor de balas seja regularizada

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 24 de março de 2015 | 19:14
 
 
 
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Cerca de 70 vendedores de balas e familiares do ambulante Maycon Jardim Valadares, de 18 anos, que morreu atropelado por um ônibus após confusão na última sexta-feira (20), fizeram uma manifestação no fim da tarde desta terça-feira (24), no local da morte. O incidente aconteceu na avenida Cristiano Machado, próximo ao Minas Shopping, no bairro União, na região Nordeste de Belo Horizonte. O trânsito ficou complicado na via, segundo a Empresa de Transportes e Trânsito da capital (BHTrans).

Os manifestantes se reuniram próximo à Estação José Cândido da Silveira por volta das 17h e marcharam até o local em que o baleiro foi atropelado e arrastado pelo coletivo na semana passada. "Resolvemos fazer porque os baleiros são trabalhadores, todo mundo ali só quer sustentar a família. E eles são tratados como marginais pelos motoristas. Queremos pedir às autoridades que regularizem essa profissão e permitam que eles trabalhem nos ônibus", argumentou uma cunhada da mãe do filho de Maycon, que tinha oito dias de vida quando o pai foi atropelado. 

Participaram do ato vendedores de bala da Cristiano Machado, do Centro de BH e também da avenida Antônio Carlos. "Todo juntos para pedir melhorias nas condições deles, já que os motoristas dos ônibus os tratam como cachorros, bandidos.  Nosso objetivo era fechar o trânsito, para chamar atenção, mas os policiais só deixaram que a gente fechasse uma faixa", lembrou. 

De acordo com a BHTrans, o trânsito foi completamente liberado na avenida por volta das 18h30. Apesar disso, o trânsito ainda segue retido, até mesmo por a manifestação ter ocorrido no horário de pico, quando um grande número de pessoas voltava para casa. 

Relembre

Maycon faleceu após ser arrastado por pelo menos 30 metros antes do coletivo da linha 8151 (Estação São Gabriel/BH Shopping - via Anel Rodoviário) passar por cima do seu corpo da cintura para cima. O acidente aconteceu praticamente em frente ao Minas Shopping. 

De acordo com o também vendedor de balas Leandro Marciano Simeão, de 29 anos, o condutor tentou passar por cima da vítima, dele e de outro ambulante. "Éramos uns 10 ou 12 esperando o ônibus para ir almoçar. De repente um dos menino contou que o trocador deu uma gravata nele e o motorista bateu com uma barra de ferro. Quando o ônibus voltou a gente atravessou a avenida para tirar satisfação, saber o porquê de terem feito isso", alegou.

O motorista fugiu do local, ainda de acordo com a PM. Procurado pela reportagem, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH) deu uma versão diferente para a confusão. Mais cedo, um vendedor teria se revoltado pelo motorista mandá-lo descer e acabou tirando a chave do coletivo.

Eles pegaram a chave de volta e, quando fizeram uma nova viagem e voltaram ao mesmo ponto, um grupo de vendedores teria apedrejado o coletivo. Assustado o motorista teria arrancado e deixado os passageiros no outro ponto, descobrindo que atropelou alguém ao chegar na garagem.

O motorista, de 35 anos, foi preso em flagrante e encaminhado ao Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) da Gameleira. Ele responderá pelo artigo 121 combinado com o artigo 18 do Código Penal, que é o homicídio com dolo eventual, cuja pena vai de 6 a 20 anos de reclusão.

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