Aniversário

Belo Horizonte 122 anos: a cidade de amanhã é para ontem

Mudanças vão do transporte coletivo ao desenvolvimento social e sustentável

Por Raquel Penaforte
Publicado em 12 de dezembro de 2019 | 08:51
 
 
 
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Em 122 anos de história, Belo Horizonte, cidade planejada por Aarão Reis entre 1894 e 1897, já passou por diversas transformações. A população mais antiga viu o transporte coletivo ganhar o bonde, em 1902. Depois, vieram o metrô, em 1986 – que até hoje se mantém com uma única linha –, e o Move, em 2014.

O número de habitantes, que em 1920 era de aproximadamente 55 mil, passou para cerca de 600 mil em 1960 e, atualmente, gira em torno de 2,5 milhões de pessoas – 5 milhões considerando toda a região metropolitana. Mesmo com tantos avanços, muito precisa ser feito no município com velocidade ainda maior, segundo especialistas. 

“Temos uma linha de metrô de cerca de 28 km, quando Belo Horizonte e região metropolitana deveriam contar com, pelo menos, 90 km a 100 km, além de uma integração modal com monotrilho, novos corredores viários, ou seja, com um sistema de transporte coletivo metropolitano à altura de uma metrópole”, disse o arquiteto e urbanista Sérgio Myssior.

Além do transporte coletivo, a cidade precisa avançar urgentemente em soluções para minimizar os impactos da chuva. O estudo Análise de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas, divulgado em 2016, mostra que, até 2030, se não forem feitas mudanças, haverá um aumento de 60% dos bairros com alto risco de enchentes, deslizamentos e outros problemas. 

O novo Plano Diretor, sancionado em agosto deste ano, prevê uma série de mudanças, como o adensamento de pessoas, serviços e comércios em diferentes regiões, melhorias de drenagem e o incentivo à preservação da cobertura vegetal. “Há uma necessidade de se (re)inventar e transformar a cidade, aplicando novas práticas, diretrizes e orientações baseadas no desenvolvimento sustentável”, completou Myssior.

Cidade de todos

O urbanista acredita que, para avançar, a população precisa estar engajada. “O que mais me preocupa é que o belo-horizontino está desacreditado do potencial de transformação da cidade. Vejo em várias cidades do Brasil e do mundo a capacidade de se transformar. Bogotá e Medellín, na Colômbia (referências em mobilidade, segurança e soluções urbanísticas), a própria São Paulo, com seus desafios, mostram que, se houver um pacto da sociedade, os municípios têm capacidade de transformação”, ressaltou ele.

Com o olho no passado, a historiadora Adriane Garcia vislumbra possibilidades para o futuro da cidade. “Creio que temos dois caminhos antagônicos: o das políticas excludentes, em que teremos um futuro com mais miséria, mais moradores de rua, mais racismo, mais genocídio das comunidades periféricas, mais segregação racial e social; e o das políticas públicas inclusivas, do Orçamento Participativo, da cultura democratizada e descentralizada. Esta última opção fará de BH uma cidade mais justa e mais humana, que poderá ser exemplo não só de modernidade”, diz Adriane.

Sexta capital mais jovem do Brasil

Ranking

Belo Horizonte fica em sexto lugar entre as capitais mais jovens do Brasil. Em primeiro lugar, está Palmas (TO), com 30 anos, seguida de Brasília (DF), com 59, Goiânia (GO), com 86, Porto Velho (RO), com 105, e Campo Grande (MS), com 120.

Análise

O arquiteto e urbanista Sérgio Myssior avalia que BH é moderna para sua história. “Uma cidade com 122 anos que provavelmente nem entrou na sua adolescência, mas que, desde sua criação, respira modernidade e transformação”, afirmou.

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