BH tem madrugada violenta com pelo menos cinco mortes

Em menos de cinco horas, três pessoas foram mortas a tiros, todas no mesmo beco, localizado no bairro Apolônia, região Norte da capital. De acordo com a Polícia Militar (PM),  o corpo de Fabrício Junio da Silva ,31 , foi encontrado por volta das 7h da manhã dessa sexta-feira (15), com diversas perfurações no tórax, causadas por arma de fogo.

Pouco tempo depois, próximo ao meio-dia, um novo chamado mobilizou as viaturas que ainda realizavam buscas por algum suspeito que tivesse cometido o primeiro crime. 

Poucos metros à frente do lugar em que o homem havia sido morto horas antes, dois adolescentes foram encontrados, também com marcas de tiros. Matheus Pereira de Sousa, 17, já estava sem sinais vitais. Ao lado dele, Matheus dos Santos Silva, 15, foi socorrido com vida e encaminhado ao hospital Risoleta Neves, mas não resistiu aos ferimentos . A irmã do rapaz de Pereira esteve no local e contou à polícia que convidou o parente passou a morar com ela em janeiro deste ano. 

O convite, feito dois meses atrás, quando o menino morava em Itaobim, no Norte de Minas, foi, segundo a jovem de 20 anos, uma tentativa de tirar o adolescente do tráfico de drogas. O rapaz, no entanto, teria "se envolvido com más companhias no bairro". Ainda conforme relato da da irmã da vítima, ele "passava grande parte do dia na rua". 

Na porta do hospital em que o segundo adolescente foi socorrido, a mãe do menino de 15 anos revelou aos militares que sabia que o filho tinha envolvimento com o tráfico e que trabalhava vendendo droga, tendo, inclusive, jornada de trabalho a cumprir. "Vendia drogas no aglomerado todos os dias, das 8h às 20h", aponta o boletim de ocorrência. Ela ainda teria apontado o local exato do bairro em que funcionava a boca de fumo em que o filho atuava. A Polícia Civil esteve no local.

Sequência de mortes

Ainda na sexta-feira, outro homem foi morto a tiros no aglomerado do Morro do Papagaio, região Centro-Sul da capital. Segundo testemunhas, dois homens chegaram em um carro à casa de Bruno Henrique do Carmo Dias, 25. No local, também funcionava uma lanchonete. A dupla desceu do carro usando capacete. Um dos homens permaneceu na porta da comércio, enquanto outro subiu até o segundo andar. 

Houve uma discussão e dois disparos foram efetuados. A vítima ainda teria conseguido reagir e entrado em luta com o suspeito. O comparsa, percebendo a ação, subiu as escadas e efetuou outros dois disparos. O homem morreu no local. 

Os suspeitos fugiram, mas, ainda conforme relatos das testemunhas, discutindo um com o outro. Ninguém foi preso até o momento.

A mãe da vítimas, de 64 anos, que pediu para não ter a identidade revelada, acredita que um traficante que já morou na região possa ser o responsável pela morte do rapaz. "O Bruno já mexeu com coisa errada, ficou cinco anos preso na Dutra Ladeira, por tráfico, mas saiu, e estava reconstruindo a vida. Não sei se ele brigou com esse rapaz, que até saiu do bairro corrido, porque a turma de lá expulsou ele, mas acreditamos que possa ser esse menino que matou meu filho", disse.

Segundo a mulher, o jovem havia cumprido pena dos 18 aos 23 anos. Ao deixar o presídio, Dias abriu uma lanchonete no Morro do Papagaio. Ele preparava sanduíches no momento em que os criminosos invadiram o comércio. "Ontem, a última coisa que vi foi ele despedindo do filho, de dois anos. O menino falou "eu te amo, papai" e ele prometeu que eles iriam passear hoje. Agora, ele não para de perguntar pelo pai. E eu pergunto para mim mesma: o que eu vou falar para ele?".

O corpo do jovem aguarda liberação no IML. De acordo com familiares, o velório e enterro serão realizados no Cemitério da Paz. 

Uma outra morte, também em um estabelecimento comercial, foi registrada na manhã deste sábado (16), no bairro Santa Rita de Cássia, região Centro-Sul da capital. Washington Ananias Ramos, 36, foi encontrado baleado dentro de bar. Segundo a PM, ainda não há informações sobre o que possa ter motivado o crime. Perícia e remoção compareceram ao local.