Ruas lotadas

Carnaval de BH reúne 4,45 milhões de pessoas e é o maior da história da cidade

Segundo a Belotur, a maior parte dos foliões é composta por moradores da capital

Por Mariana Nogueira
Publicado em 04 de março de 2020 | 12:00
 
 
 
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Não foi só impressão. Belo Horizonte realmente estava tomada de gente durante o Carnaval. A festa reuniu, ao todo, 4,45 milhões de pessoas durante os 23 dias de programação da folia. Mas embora o número seja 3,48% maior do que no ano passado, quando 4,3 milhões de pessoas curtiram a festa na capital, o registro é um pouco menor do que o estimado pela prefeitura, que previa até 5 milhões de pessoas nas ruas da cidade. Na rede hoteleira, a movimentação também foi menor do que a esperada, e o número de blocos também acabou reduzido. 

Mesmo com o crescimento aparente, os números, divulgados nesta quarta-feira (4) pela Belotur, apontam uma desaceleração de público. Entre 2018, que teve 3,8 milhões de foliões na rua, e 2019, o aumento foi de 13%, quase 10% a mais do que no último ano. A medição, segundo Gilberto Castro, presidente da Belotur, acontece por meio de imagens áreas. Em coletiva de imprensa no dia 11 de fevereiro para tratar os preparativos da festa, Castro afirmou que entre 4,5 e 5 milhões de pessoas eram esperadas. 

“Estamos felizes com o resultado. Acho que foi o melhor carnaval que a cidade já vivenciou. É a soma de foliões durante todos os 23 dias de carnaval. A gente vai somando o que tem de folião em cada bloco de rua e a soma disso tudo totaliza 4,45 milhões. Levando ainda em consideração os eventos privados e os palcos oficiais, que também tem um número de pessoas grande. A gente pega normalmente uma foto aérea, metragem quadrada, perímetro versus número de pessoas e faz uma ideia de público, e acrescenta cerca de 10% no público que é volátil, que chega e vai embora”, afirmou.

Ao todo, 211 mil turistas, do interior de Minas Gerais e principalmente de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal, estiveram na cidade. A maior parte do público, 81,9%, contudo, é de moradores de BH. A expectativa da Belotur - também mencionada pelo presidente durante coletiva antes da folia - era de uma ocupação de 80% na rede hoteleira em toda a cidade, mas foi de 56,04% ao término da festa. Na região Centro-Sul, a taxa média de ocupação esperada pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Minas Gerais (ABIH-MG) somente nesse perímetro, era de 80%, mas foi de 61,38%.

“Estamos felizes com o número de turistas. São 211 mil turistas consumindo quase R$ 1 mil cada um, o que acaba sendo um ganho para a cidade. Mas obviamente existe, sim, uma possibilidade de aumento no número de turistas, mas a gente está muito focado em ter o melhor carnaval do país e que esses turistas venham de forma orgânica, pra que a gente consiga sustentar e manter esses números que foram apresentados”, disse o presidente.

Ao todo, 347 blocos de rua estiveram nas ruas em 390 desfiles. Inicialmente, a previsão era de 453 blocos e 520 desfiles. A redução, segundo a Belotur, se deu pela desistência de blocos menores poucos dias antes da festa. Oitenta e seis festas particulares também aconteceram na capital, 23% a mais do que no ano passado. Em relação a impedimentos de circulação de blocos durante os dias de folia, de acordo com o Corpo de Bombeiros, houve interdição parcial em apenas dois blocos, o CSH, do bairro Ipiranga, e o ZN Savassi.

“No Ipiranga montaram um palco com estrutura metálica, porque a ideia do trio elétrico é começar em um lugar e ir deslocando, então para ter estrutura metálica ele tem que ter um evento temporário, contratação de brigadistas e anotação de responsabilidade técnica. Então interditamos o risco e o trio seguiu. O outro tinha uma previsão de 1.500 pessoas, mas como houve confluência de muitos outros trios, ele não tinha equipe de isolamento adequado. Então terminou o cortejo um pouco mais cedo”, explicou o tenente coronel Peron Batista da Silva Laignier, do Corpo de Bombeiros.

Em relação aos atendimentos de saúde, as UPSs, centros de saúde, postos médicos avançados e o Samu registraram queda em relação a 2019. Foram 1.111 pessoas atendidas, enquanto no ano anterior 1.170 precisaram do auxílio. 

Resíduos 

Um dos destaques da folia foi a diminuição do número de lixo pelas ruas da capital. Foram recolhidos, ao todo, 848 toneladas de lixo durante todo o período oficial, de 8 de fevereiro a 1º de março. O número é 70% menor que o de 2019, quando 2.784 toneladas de lixo foram retiradas das ruas. “Foi uma grata surpresa. Vimos que os foliões carregaram seus canecos, tanto é que a catação de copo de plástico foi mínima. Foi um carnaval civilizado”, afirmou o coronel Genedempsey Bicalho Cruz, superintendente de Limpeza Urbana.

Em relação aos ambulantes, foram mais de 13 mil cadastrados e espalhados pela cidade.

Carros de som 

O imbróglio provocado pela proibição de circulação dos carros de som que não tinham a licença de adaptação para trios elétricos às vésperas do Carnaval de Belo Horizonte neste ano, vai permanecer em 2021. As recomendações, segundo as autoridades, não vão mudar.

“Vai ser feito o que já faz parte do nosso trabalho, que é a interlocução e integração com todos. Muitos poucos blocos deixaram de sair por esse motivo. Tivemos uma força-tarefa tanto dos atores do Carnaval como da prefeitura, para que tudo pudesse acontecer na normalidade. Foram poucos os blocos que deixaram de sair e a gente vai manter todas as interlocuções necessárias para solucionar esses problemas em um ano posterior. Cada órgão tem o seu papel e cabe ao estado cumprir o papel dele”, afirmou o presidente da Belotur, Gilberto Castro.

“O bombeiro não tem essa missão de fiscalizar os veículos, mas com certeza foi uma medida acertada, de tanto que nós não tivemos nenhum incidente posterior à medida. Para o carnaval que vem já estamos analisando medidas para tentar ampliar nossa fiscalização e nossa coordenação de brigadistas. Uma das nossas intenções é delimitar a capacidade de pessoas em um trio”, afirmou o tenente coronel Peron Batista da Silva Laignier.

Segurança 

As forças de segurança já haviam noticiado os balanços da atuação no Carnaval, mas a Guarda Municipal reforçou a queda de 36% no número de ocorrências de furto e de 57% nos registros de lesão corporal.

Segundo a PM, houve redução de 26% no número de crimes violentos e de 28% no de roubo de celulares, que em 2020 foram 271, enquanto em 2019 foram 349. Para a corporação, contudo, houve aumento no número de furtos de celulares, saltando de 1.297 em 2019 para 1.335 em 2020. O número de crimes sexuais também aumentou, saltando de 14 para 21 no período da festa.

Crimes sexuais aumentaram 50%

O registro de crimes sexuais cresceu 50% no Carnaval deste ano em relação ao ano passado. Segundo a Polícia Militar, eem 2020 foram registrados 21 casos desse tipo, enquantoem 2019 foram 14.

O coronel Giovanne Gomes atribui este aumento a dois fatores. "Primeiro, porque a Secretaria de Justiça e Segurança Pública, no ano passado, determinou que o boletim de ocorrência tivesse uma natureza específica pra esse tipo de crime. O segundo fator é a presença  policial na rua, nós tivemos casos de mulheres que já encontravam os policiais na rua e registravam o crime", disse. 

Crimes violentos caíram

No período do Carnaval, em toda Minas Gerais, os crimes violentos tiveram queda de 27,6%. 

Montes Claros foi a cidade em que o índice reduziu mais. No ano passado, o município registrou 47 casos, enquanto neste ano foram 15 registros -  uma queda de 68%. 

A capital mineira registrou 143 casos a menos de crimes violentos. Ao todo, no passado, foram 541 casos, enquanto em 2020 foram 398. 

Furtos e Roubos 

Outros índices também caíram. Em todo o Estado, houve uma queda de 26,3% no número de roubos e de 15,4% nos registros de furtos.

Quando se estratificam os índices de roubos de celulares, as quedas são menores. No Estado, houve uma redução de 23,6% no número de celulares roubados - de 791, no ano passado, para 604 neste ano. 

O número de celulares furtados também caiu, mas de forma menos expressiva. Em 2019, foram registrados 2.083 furtos em Minas Gerais. Neste ano, a Polícia Militar registrou 2.032, representando uma queda de 2,5%.

Um avanço bastante comemorado pelas Forças de Segurança foi o aumento no número de solicitações de bloqueio de celular. Em 2019, apenas 88 celulares foram bloqueados pela Polícia Militar. Neste ano, foram 629 aparelhos, sendo 441 deles apenas em Belo Horizonte.

Este aumento se deve ao uso do Cbloc (Central de Bloqueio de Celulares), uma plataforma criada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. "Pela primeira vez no Carnaval foi possível bloquear em até 3 horas um aparelho de celular roubado ou furtado durante a folia", afirmou o coronel Giovanne Gomes. 

 

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