Epidemia grave

Casos de dengue aumentam 50% em uma semana em Belo Horizonte

Somando número de casos confirmados e os que estão sendo investigados, a cidade pode registrar mais de 25 mil pacientes infectados pelo vírus

Por Lara Alves
Publicado em 26 de abril de 2019 | 19:15
 
 
 
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Boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, nesta sexta-feira (26), aponta para uma explosão de 50% no número de casos confirmados de dengue na capital apenas de uma semana para a outra. São cerca de 232 casos por dia. Novos 2.095 casos foram registrados nos últimos dez dias, o número saltou de 4.185 registrados no dia 17 para 6.280.

Desde o início do ano, o órgão já foi comunicado da existência de 25.174 casos prováveis de dengue - somando os confirmados e 18.894 suspeitos. Outros 5.195 casos foram investigados e descartados pelo secretaria. 

Em Minas Gerais a situação não é diferente: o número de casos confirmados dobrou em um período curto de apenas uma semana. Desde janeiro de 2019, foram registrados 140.754 casos prováveis da doença, o número aumentou em quase 20 mil entre os dias 15 e 22. 

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) contabilizou 14 mortes em decorrência da doença em sete municípios mineiros e outros 57 óbitos estão sob investigação. 

Mapeamento

Em conformidade com o balanço divulgado no dia 17, a regional Barreiro segue liderando o índice de casos confirmados. O número também subiu 50% em relação ao último boletim, eram 821 registrados na semana passada e, no momento, 1.232 casos estão confirmados. Outros 2.715 continuam sob investigação.

Essa região específica concentra 16% dos casos da doença em Belo Horizonte. Para a diretora de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, o índice tem relação com a introdução do vírus 2 na população do Barreiro. 

O aumento no número dos casos confirmados de dengue também foi bastante expressivo nos últimos dez dias na região Leste da capital mineira, houve um aumento de 50%. Os casos confirmados saltaram de 350 para 529 e, no último boletim consta que outros 2.088 estão sob suspeição. 

O geógrafo Ruimar Silva, 36, residente no bairro Saudade, foi uma das vítimas do mosquito nas últimas semanas. 

"Tive alguns sintomas comuns como febre, dor atrás dos olhos e coceira nas mãos. Depois de três dias sem trégua da febre, fui ao médico", contou.

Ao contrário dos belo-horizontinos que têm encontrado as unidades hospitalares lotadas e com tempo médio de espera girando em torno de quatro e cinco horas para atendimento, ele foi atendido rapidamente e deu início ao tratamento ainda no hospital.

"O médico pediu uma série de exames e recebi soro e medicação enquanto o hemograma completo não saía. Estou numa dieta com alimentos ricos em ferro e tomando sempre muito líquido", explica.

Ao contrário da regional Leste e do Barreiro, uma região tem registrados poucos casos de dengue diante do quadro alarmante. Na Centro-Sul foram contabilizados apenas 130 pacientes com a doença, ainda que exista outros 844 casos suspeitos. 

Apesar do aumento assustador em apenas dez dias, o mês de abril já tem um número menor de casos se comparado com março. Foram 1.169 registrados e confirmados até esta sexta-feira (26) e 3.721 apenas no terceiro mês do ano. 

(Com Aline Diniz)

Óbitos por dengue

São investigadas duas mortes por dengue grave (popularmente conhecida como "dengue hemorrágica") ocorridas em Belo Horizonte nesta semana. No dia 21, Alessandra Ferreira Silva, 41, morreu no Hospital Eduardo de Menezes. Ela cumpria pena no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto. 

A segunda paciente que tem óbito investigado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) é Jussara Christina dos Santos, 32, que morreu na terça-feira (23), na UPA do Barreiro. 

Ofensiva contra a epidemia

Na tentativa de conter o caos epidemiológico em Belo Horizonte e solucionar o problema dos hospitais lotados com pacientes com sintomas da doença, a prefeitura inaugura o primeiro Centro de Atendimento à Dengue (CAD) na cidade neste sábado (27).

A estrutura funcionará no Complexo de Saúde do Barreiro, na Praça Modestino Sales Barbosa (antiga Praça da Febem), no bairro Flávio Marques Lisboa, sempre das 7h às 18h. 

Em caso de suspeita de dengue, o paciente que chegar ao local será atendido imediatamente sem a necessidade de qualquer encaminhamento ou triagem. 

Além do novo centro, sete postos de saúde permanecem abertos das 8h às 17h para ampliar o atendimento à população com sintomas da doença. São os que estão localizados nos bairros Carlos Prates, São Paulo, Tirol, São Bernardo, Madre Gertrudes, Santa Terezinha, na Pampulha, e São João Batista, em Venda Nova.

Além da estrutura no Barreiro, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) também anunciou a criação de outros dois centros, um no segundo andar da UPA Venda Nova e outro na UPA Nordeste. No entanto, ainda não há previsão para que eles sejam abertos para o atendimento ao público.

Em coletiva concedida à imprensa no dia 25, o prefeito Alexandre Kalil informou que é preciso preencher 80 vagas para médicos e enfermeiros antes de liberar o funcionamento das duas estruturas.

Ele afirmou ainda que a situação de defasagem nos atendimentos é decorrente da falta de repasses do governo de Minas Gerais para a PBH e para a região metropolitana. Fora os moradores da cidade, a capital precisa suprir ainda a demanda de quem vive em municípios próximos a Belo Horizonte.

(Com Mariana Nogueira)

Cuidados

O médico infectologista Leandro Cury alerta que os cuidados para prevenir a doença devem ser adotados ao longo de todo ano e não apenas no período chuvoso.

"As precauções contra qualquer tipo de dengue são as mesmas orientadas ano após ano. Não deixar nenhum reservatório durante o ano todo, isso porque os ovos da fêmea do mosquito duram vivos o ano todo, esperando apenas a chegada da água para eclodirem", comenta. 

Para ele, como a vacina ainda não está totalmente disponível, outras formas de proteção contra a picada do mosquito são o uso de repelentes à base de Icaridina e mosquiteiros. 

(Com Aline Diniz)

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