Já se passaram seis anos desde que o último projeto de Oscar Niemeyer começou a ser erguido em Belo Horizonte. A Catedral Cristo Rei, na região Norte da cidade, surge com a promessa de acolher milhares de fiéis para celebrações religiosas e culturais, além de ações sociais para os mais necessitados. Contudo, seguindo o ritmo histórico de construção dos grandes templos católicos, o monumento da Arquidiocese de Belo Horizonte não tem prazo para terminar. 

“O complexo Cristo Rei está sendo construído, integralmente, com a colaboração dos fiéis que acreditam na realização desse sonho. Neste sentido, atuamos para cumprir um orçamento que é ditado pelas doações”, comentou o gerente de projetos da Arquidiocese de Belo Horizonte, Leonardo Araújo. 

Com aproximadamente 33% do desenvolvimento físico da catedral concluído, a meta agora é a construção da nave que abrigará a igreja. “Temos cerca de 55 funcionários atuando no canteiro de obras. Se mantivermos esse fluxo de doações, em 2022 vamos celebrar o centenário da arquidiocese no templo”, afirmou Araújo. Apesar de poucos funcionários, o gerente garante que as obras nunca cessaram.

“Pensamos sempre em não endividar a arquidiocese e honrar os compromissos com os trabalhadores e os fornecedores. Apesar do momento que o país atravessa já há alguns anos, temos conseguido repactuar constantemente a construção, sem paralisar, conquistando, nesse sentido, a constante evolução da obra”, disse.

A aposentada Salete Aparecida da Silva Santos, 55, não precisa ver para crer que seus R$ 15, doados trimestralmente à Faço Parte – campanha de arrecadação da arquidiocese –, estão sendo usados para a construção do templo.

Contribuindo desde 2009, a doadora conta que nunca passou em frente ao canteiro de obras, na avenida Cristiano Machado, mas que vê na obra uma oportunidade de fazer o bem ao próximo. “Senti empatia pelo dom Walmor (Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte) e pelas pessoas que serão atendidas lá. Será um presente para todos nós”, disse.

Impactos na cidade

Do orçamento inicial para a execução do complexo – cerca de R$ 105 milhões –, R$ 49 milhões já foram investidos na terraplenagem e na maior parte da fundação, que está quase concluída. Recentemente, o aeroporto da Pampulha anunciou a alteração de alguns planos de voos e da rota de fuga com base na torre de 100 m de altura que será erguida no templo.

O limite da zona de proteção para pousos e decolagens das aeronaves naquela região é de, no máximo, 70 m.

Segundo Araújo, outras mudança urbanas estão previstas. “No Parecer de Licenciamento Urbanístico (PLU) aprovado pelo Conselho Municipal de Políticas Urbanas (Compur) para a execução da obra, há diversas condicionantes urbanísticas, entre elas, a construção de uma passarela na avenida Cristiano Machado e a criação de seis rotas acessíveis no entorno”, informou.

Assinatura modernista

Diferente do modelo gótico adotado para a construção da Catedral de Notre Dame, em Paris, na França, que durou 182 anos, o último projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte, segue a linha modernista.

Para o historiador Rodrigo Starling, a estética, que sempre foi relevante para os católicos, pode ser um dos fatores que prolongam o tempo de construção.

“Nas grandes catedrais do mundo, percebemos que a Igreja Católica sempre teve uma preocupação com a estética. Não é como construir um prédio, que segue o modelo mais padronizado”, disse.

Oscar Niemeyer também projetou a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, em Brasília, e a Catedral São João Batista, em Niterói, ainda em construção.

Saiba mais

Para a construção da Catedral Cristo Rei, a Arquidiocese de Belo Horizonte conta com doações de fiéis por meio de duas campanhas: Faço Parte e Praça das Famílias. Para conhecer mais sobre as campanhas e como doar, acesse: www.arquidiocesebh.org.br.