Arboviroses

Chikungunya representa 1 a cada 5 casos de doenças transmitidas pelo Aedes em MG

Em entrevista a O TEMPO, o secretário de saúde Fábio Baccheretti alertou para epidemias simultâneas de dengue e da doença

Por José Vítor Camilo
Publicado em 25 de março de 2023 | 21:25
 
 
 
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Se não bastasse a dengue, que vem aumentando vertiginosamente em Belo Horizonte e no interior de Minas Gerais, o Estado está vivendo ainda um crescimento de outra doença atribuída ao mosquito Aedes aegypti: a chicungunya. Até então um vírus mais raro nas outras epidemias já registradas, o vírus já representa um a cada cinco casos registrados de todas as arboviroses transmitidas pelo inseto. A informação foi confirmada neste sábado (25 de março) em entrevista concedida a O TEMPO pelo secretário estadual de saúde Fábio Baccheretti.

Segundo o responsável pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Minas vem registrando, desde janeiro de 2023, um aumento "progressivo" das doenças causadas pelo Aedes. "A chikungunya, que era uma doença muito rara em Minas Gerais nas outras epidemias de dengue que tivemos, dessa vez corresponde a 20% dos casos", afirmou.

Ainda conforme Baccheretti, o aumento nos casos da doença começou no Norte de Minas, mas foi "progredindo" para o Triângulo Mineiro e, agora, já chegou à região metropolitana de Belo Horizonte. "Isso mostra que o vírus está circulando muito em Minas Gerais. E também mostra que a população não está fazendo o seu papel, de cuidar da água parada. Sabemos também que mais de 80%, 85% dos focos do mosquito Aedes aegypti estão dentro das residências", alertou o secretário. 

O chefe da SES-MG garantiu ainda que a "linha de tendência" ainda está em aumento, mas é esperado que ela atinja seu pico em abril, quando os casos deverão começar a cair a partir de maio. Segundo o painel criado pelo Governo de Minas para divulgar os números das doenças transmitidas pelo Aedes, até a última semana o Estado somava 13 mortes e mais de 35 mil casos confirmados de dengue, além de 105 mil casos e 52 mortes em investigação. 

Já a chikungunya atingiu 2 mortes no estado, 9.306 casos confirmados, 32 mil casos suspeitos e 13 possíveis mortes em investigação. Para se ter ideia, o zika, outro vírus transmitido pelo mosquito, tem até agora seis casos confirmados e 130 sendo investigados. 

Epidemia era prevista para 2022

Ainda durante a conversa com O TEMPO, o secretário Fábio Baccheretti informou que as epidemias das arboviroses têm um comportamento "regular", ocorrendo a cada três anos. Como o último registro foi em 2019, era esperado um aumento nos casos em 2022, o que acabou não ocorrendo. 

"A gente percebe então que esse ano epidêmico foi 'empurrado' para 2023. Mas o Governo de Minas já havia mandado muitos recursos financeiros, desde o final de 2021 e ainda em 2022, para que a gente conseguisse ter os municípios preparados para esse possível ano. Só que não surtiu o efeito que a gente gostaria, uma vez que temos muitos focos de dengue espalhados em todo o território de Minas", completou. 

O secretário disse ainda que o Estado enviou uma "Força de Saúde" a vários municípios e o cenário encontrado foi que, em alguns deles, não havia sequer a coleta de lixo em algumas localidades, com água parada em terrenos e até mesmo na rua, devido ao grande volume de chuvas registrado neste ano. 

"Felizmente teremos novidades para os próximos anos, como a biofábrica do mosquito que possui uma bactéria que não permite a propagação do vírus da dengue e, também, uma vacina da dengue já aprovada e a vacina do Butantã, que deve ser aprovada no ano que vem. Então, se pensarmos que a cada três anos temos esse ano epidêmico, provavelmente daqui a três anos estaremos melhor preparados com essas novas armas que teremos em mãos. Mas o que nos resta agora é que cada município faça o seu papel, que cada cidadão faça seu papel, e vamos combater o mosquito pois o vírus está circulando muito livremente em nosso Estado", apelou o secretário de saúde. 

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