Esperança

Cidade de MG que já teve maior incidência de Covid-19 está há um mês sem casos

Bandeira, no Vale do Jequitinhonha, chegou a registrar 136 casos em um único dia

Por Daniele Franco e Cristiano Martins
Publicado em 17 de agosto de 2020 | 18:05
 
 
 
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A pequena cidade de Bandeira, no Vale do Jequitinhonha, que chegou a amargar o título de município com a maior incidência de Covid-19 em Minas, comemorou nesse domingo (16) um mês sem novos casos confirmados da doença. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), 198 casos foram confirmados no local desde o início da pandemia, com um óbito em decorrência da infecção.

Com quase 5 mil moradores, a proporção da doença por habitantes na cidade continua sendo uma das mais altas do Estado. O motivo da alta confirmação foi um surto ocorrido em junho em uma empresa que realizava obras no município. Foram 136 casos confirmados em um único dia, segundo relata o prefeito Antonio Rodrigues dos Santos (Republicanos). "Eu estava preparado para 10, 20 casos, que já seria um número alto, mas quando chegou o resultado com 136, comecei a sentir a pressão de todos os lados, foi um desespero total", lembra.

Antes do surto, a cidade tinha três casos confirmados, sendo dois funcionários da empresa onde ocorreria a contaminação em massa confirmada em 18 de junho. Ao saber que alguns funcionários apresentavam sintomas, o prefeito conta que entrou em contato com a empresa para que fossem tomadas medidas de prevenção e testagem, mas houve resistência. "Nós então acionamos o Ministério Público e conseguimos que eles arcassem com parte dos testes de todos os funcionários. De 258 funcionários testados, 136 testaram positivo", relata Santos.

Embora as datas com mais confirmações anotadas pela prefeitura sejam em meados de junho, os dados passaram a constar no boletim epidemiológico estadual na primeira quinzena de julho. Naquele momento, passou a ser o município com a maior incidência do vírus sobre a população em todo o Estado, com em média quatro pessoas infectadas a cada cem habitantes.

A última data com casos confirmados foi 16 de julho, com dois novos testes positivos, totalizando 198 pessoas diagnosticadas e 4,1% de incidência na população. Os números deixaram a cidade nesta ingrata liderança até o último dia 5 de agosto, quando foi ultrapassada por Santana do Paraíso (Vale do Aço).

Medidas preventivas

Após confirmar as contaminações, a prefeitura tomou uma série de medidas para prevenir que os casos se espalhassem ainda mais pela cidade, que conta com duas unidades básicas de saúde e o leito de hospital mais próximo está a 36 km dali, em Almenara. A venda de bebidas alcóolicas em qualquer estabelecimento comercial da cidade chegou a ficar proibida por cerca de 20 dias porque a administração municipal entendeu que os moradores estavam se reunindo em casa para o consumo.

As barreiras sanitárias nas entradas também foram intensificadas e as famílias dos funcionários foram monitoradas. Os demais casos vieram, segundo o prefeito, de familiares dos infectados no surto e de trabalhadores do comércio local. Segundo Santos, 800 testes foram feitos na cidade.

Hoje em dia, no primeiro mês sem casos da cidade, a vida da população está praticamente normal, conforme conta Santos, mas as medidas de prevenção continuam valendo, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e as orientações de higienização. "Estamos com receio ainda, como diz o ditado, gato escaldado tem medo de agua fria, então não queremos correr nenhum risco. A precaução, a prudência, continuam firmes neste momento porque a gente sabe do risco da Covid-19", garantiu.

ENTENDA O GRÁFICO

O "Termômetro da Covid" apresenta a evolução da média móvel de óbito e casos acumulados nos últimos sete dias, e tem como parâmetro de comparação os mesmos dados registrados há duas semanas.

Se a média de hoje superar em mais de 15% o valor de duas semanas atrás, então a situação observada é de crescimento. No outro oposto, uma redução superior a 15% representa desaceleração. Se a variação for de até 15% para mais ou para menos, considera-se que a média se encontra em um nível de estabilidade.

O uso da média de sete dias se justifica pela grande oscilação nas notificações entre os diferentes dias da semana. Ela fica muito clara quando se observa a queda durante fins de semana e feriados, por exemplo. A média móvel ajuda a “dissolver” essas diferenças e mostra tendências mais consistentes.

Já a janela de duas semanas para comparação se explica pelo tempo médio de ação do vírus e pela demora no processamento de exames e na divulgação dos resultados nos sistemas oficiais utilizados pela Secretaria Estadual e pelo Ministério da Saúde.

Esta é a mesma metodologia utilizada, por exemplo, pelo jornal The New York Times.

Os dados são provenientes dos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e referem-se aos municípios de residência dos pacientes. Isso explica eventuais números negativos, uma vez que os casos podem ser revisados ou "transferidos" de cidade.

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