Outras vacinas

Com pandemia, brasileiros pretendem atualizar cartão de vacina

Cobertura vacinal decaiu durante a pandemia e especialistas recomendam que adultos procurem serviços de saúde para atualizar cartão com outros imunizantes além da vacina contra Covid-19

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 11 de novembro de 2021 | 14:24
 
 
 
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O fluxo intenso de notícias e discussões sobre vacinas contra a Covid-19 durante a pandemia também alertou os brasileiros sobre outros imunizantes. Pesquisa realizada pela farmacêutica Pfizer, em parceria com o instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) mostrou que 91% dos entrevistados pretendem atualizar o cartão de vacinação. 

As vacinas contra gripe, Hepatite A e B e febre amarela foram as mais citadas na pesquisa. O levantamento ouviu cerca de 2.000 pessoas acima de 16 anos em todo o Brasil, entre os dias 19 e 29 de outubro, em meio à campanha de vacinação contra a Covid-19. 

Se, por um lado, a intenção de se vacinar é alta, os índices de cobertura vacinal registrados no Brasil durante a pandemia mostram que ela não se traduziu em prática. A cobertura da BCG, por exemplo, caiu de 100% em 2015 para 73,3% em 2020, e a de poliomielite, de 98,3% para 75,9% no mesmo período, segundo análise do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde. 

“Apesar dessa vontade (de atualizar a vacinação), as pessoas não sabem nem por onde começar a atualização. As vacinas tendem a ser vítimas de seu próprio sucesso: daqui a pouco, se ninguém vir a doença, não vai pensar na vacina, seja Covid ou outra. Se você tem mais de 20 anos e acha que as vacinas que tomou na infância são o suficiente, está desatualizado. Nessa última década e meia, tivemos muita evolução de vacinas”, pontuou a líder médica de vacinas da Pfizer Brasil, Júlia Spinardi, em coletiva de imprensa para apresentar a pesquisa, nesta quinta-feira (11).

“Eu imaginava que toda essa repercussão sobre as vacinas contra Covid-19 alavancaria outras vacinas, mas não estamos vendo isso na prática, infelizmente. Me preocupa que os grupos antivacina e as fake news avançaram muito no Brasil e no mundo. É um grupo muito barulhento”, completou, no evento, o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha.

Na pesquisa da Pfizer, 9% dos entrevistados afirmaram que não pretendem atualizar o cartão de vacina - 40%, a maior parte deles, disseram que ela já está atualizada, e 14% declararam não ver necessidade de se vacinar. Especificamente sobre a vacina contra a Covid-19, apenas 2% dos entrevistados que ainda não haviam se vacinado disseram não ter intenção de receber o imunizante. 

O SUS oferece mais de 30 vacinas para a população e, para atualizar o calendário, basta procurar um posto de saúde. A SBIm oferece um calendário completo de vacinas, gratuitas ou pagas, recomendadas do nascimento à velhice. Desde setembro, o Ministério da Saúde permite aplicação simultânea da vacina contra a Covid-19 e imunizantes contra outras doenças. 

Esperança e otimismo

A pesquisa da Pfizer também avaliou a relação que os entrevistados fazem entre a vacinação contra a Covid-19 e a retomada das atividades presenciais. Segundo os resultados, 75% deles dizem se sentir muito seguros ou seguros com o aumento da taxa de imunização. 

Questionados sobre sentimentos despertados pelo avanço da vacinação no Brasil, 29% dos entrevistados disseram sentir esperança e 24%, otimismo. Em terceiro lugar, veio o alívio, para 14% dos respondentes. 

Com a vacinação, 40% dos entrevistados disseram que pretendem voltar ou já voltaram a ver a família e amigos, incluindo pessoas de grupos de risco para a gravidade da doença. A mesma quantidade de respondentes declarou que deseja frequentar ou já frequenta espaços fechados, como shopping centers, e 15% disseram estar vivendo normalmente. Ao mesmo tempo, a maioria dos entrevistados, 86%, segue com medo de uma nova onda da pandemia. 

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