Coronavírus: Ipatinga bate recorde de casos em 24h com 100% dos leitos ocupados

Não há mais leitos de UTI disponíveis para pacientes com coronavírus em Ipatinga, no Vale do Aço, cidade que bateu nessa terça-feira (9) recorde de casos confirmados de Covid-19. Sessenta e oito moradores da cidade receberam diagnóstico positivo para a infecção entre segunda e terça, o maior número registrado em 24 horas desde o aparecimento do primeiro caso no município no mês de março.

Há quatro dias, pelo menos, a cidade tem registrado elevados números de casos – sendo 43 no sábado (6) e outros 32 na segunda-feira (8). Somados antigos e novos diagnósticos, o município do Vale do Aço alcançou a marca de 576 casos confirmados de coronavírus, sendo que 11 moradores morreram depois de serem infectados – outros 19 estão internados.

Detectado o recorde de casos entre segunda e terça-feira, a secretária municipal de Saúde, Érica Dias, esclareceu que os números constatados desde sábado são um espelho do aumento da taxa de contágio nas duas semanas anteriores não apenas na cidade, quanto também na região.

“No início do mês, a Secretaria Estadual de Saúde divulgou que o Vale do Aço estava com um alto índice de contaminação. Os resultados positivos que estão chegando e os que vão chegar nos próximos dias refletem este elevado contágio previsto. Outro fator que vale destacar é que o número de notificações de casos suspeitos tem aumentado diariamente”, detalhou.

O número de casos suspeitos ultrapassa a casa de 2.600 em Ipatinga segundo relatório mais recente, sendo que 916 dos moradores com sintomas semelhantes aos da infecção estão em monitoramento mesmo sem receber diagnóstico – os demais cumpriram quarentena pelo período estimado de 14 dias. A secretária atribui o aumento na quantidade de casos também à crescente média de testes rápidos feitos diariamente, cerca de 30 atualmente.

O número de infectados acrescido da busca por leitos inexistentes há pelo menos cinco dias cria um quadro alarmante no município que, nesta quarta-feira (10), não possui sequer um leito de UTI público disponível para doentes com a Covid-19.

Relatório publicado pela cidade na noite passada aponta que os 30 leitos existentes na cidade para atender pacientes infectados ou com sintomas suspeitos estão ocupados, sendo que oito deles estão atualmente destinados a moradores de outros municípios atendidos em Ipatinga – os restantes são ocupados por munícipes. A situação das enfermarias dos hospitais públicos Municipal Eliane Martins e Márcio Cunha também está à beira do caos, uma vez que 41 dos 65 leitos disponíveis estão ocupados – mais da metade deles acolhem moradores de outras cidades.

Ainda em 29 de maio, quando a ocupação dos leitos de UTI do SUS alcançou pela primeira vez a margem dos 100%, e à época o prefeito Nardyello Rocha (Cidadania) declarou que poderia adquirir leitos de UTI pertencentes a convênios e que estão instalados no Hospital Márcio Cunha. Hoje, a ocupação dos leitos particulares da unidade de saúde consta também no balanço diário publicado pelo município. Seis dos dez leitos de UTI de convênio existentes no hospital abrigam pacientes com coronavírus ou sintomas suspeitos de Covid-19, apenas quatro destinados a este fim estão liberados. Outros 11 dos 18 de enfermaria também estão ocupados.

Frente o quadro, Ipatinga liberou na segunda-feira (8) o hospital de retaguarda montado em uma escola estadual. Apesar de não haver leitos de UTI na unidade dada a ausência de respiradores no mercado para compra, o hospital abriga atualmente 40 leitos de enfermaria, sendo que a capacidade pode ser aumentada até 200. Quanto a criação de leitos de UTI, a prefeitura de Ipatinga declarou que iniciou um processo licitatório para tentar comprar os equipamentos necessários à montagem deles.